
No local, 300 presos estudam nas modalidades de alfabetização e ensino médio por meio do programa de Educação de Jovens e Adultos
Trinta e cinco presos da do Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, receberam o diploma de formandos no ensino médio. O evento aconteceu no auditório do complexo e contou com a presença de familiares, agentes de segurança, servidores e professores.
Há nove anos dando aula na unidade, o professor de Filosofia Haidemar Chaves Souza foi escolhido para receber uma homenagem dos alunos. O sorriso estampava a felicidade no rosto. Para ele, ser educador é ter uma das maiores profissões do mundo.
“Acompanhei-os por muito tempo e receber essa homenagem me deixou muito emocionado e realizado. Eu não esperava. Procuro sempre levar esperança e otimismo nas minhas aulas. Uso coisas lúdicas para que eles se interessem e abuso da criatividade para ensiná-los. Acho que tem dado certo”, diz o professor.
Entre os convidados estava Eva Anunciação Martins, que é madrinha do preso Bruno de Souza Ferreira. Ela não via o afilhado há quase uma década e caiu em lágrimas ao vê-lo receber o canudo.
“A mãe dele já faleceu e o pai não pôde vir. Eu sou a única que conseguiu prestigiar esse momento. Estou muito feliz por reencontrá-lo e ainda mais dessa forma: vendo que ele quer mudar”, emocionou-se Eva.
Segundo a diretora da Escola Estadual Paulo Freire, instalada dentro da unidade prisional, Valdicéia dos Santos Paviône, a concretização dessa experiência tão rica e humana seria impossível sem o trabalho e esforço de todos os envolvidos.
“Sabemos que a caminhada não é fácil. Porém, com a persistência, paciência e amor os desafios são superados a cada dia. Nossos docentes possuem a nobre e grandiosa função de proporcionar liberdade pela educação”, disse Valdicéia. “Aos presos, eu só posso parabenizá-los por escolherem fazer diferente. Eles são vencedores e espero que enfrentem de cabeça erguida todas as batalhas que virão. Que não desistam de se colocar em prol de uma humanidade mais justa”.
Há três anos no complexo e com uma pena de 32 anos e seis meses para cumprir, Márcio Marcelino Freire entrou com o objetivo de aproveitar esse tempo para estudar e trabalhar, oportunidades que ganhou na unidade. Ele contou que a formatura foi a realização de um projeto.
“É muito bom recomeçar. A vida é feita de recomeços. Nós que estamos aqui presos por crimes que cometemos no passado não precisamos sair daqui da mesma maneira. Por isso, o Estado está nos dando a oportunidade de sairmos ressocializados. E a ressocialização começa na educação, que tem o poder de nos mudar”, afirmou Freire.
Na Escola Estadual Paulo Freire, 300 presos estudam nas modalidades de alfabetização e ensino médio por meio do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA). As salas ficam dentro dos pavilhões, e as aulas acontecem das 14h às 18h30.
Outros 25 detentos fazem o ensino superior à distância, nos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Turismo, Logística e Gestão Financeira.
Os presos precisam ser aprovados pela Comissão Técnica de Classificação da Unidade (CTC) para estudar. Ela é composta por profissionais das áreas de segurança, psicossocial, jurídica e de saúde.