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Fundação João Pinheiro divulga parcial do PIB de Minas Gerais para o 1º trimestre de 2016

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1° Trimestre de 2016 - O Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais recuou 0,6%, em termos reais, no primeiro trimestre de 2016 em relação ao quarto trimestre de 2015 na análise da série com ajuste sazonal. Os dados são parte do Monitor FJP - Produto Interno Bruto - 1° Trimestre/2016, publicado pela Fundação João Pinheiro (FJP) nesta quinta-feira, 23 de junho, no site da instituição. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma retração de 0,3% para o PIB brasileiro na mesma base de comparação.

A retração de 0,6% do PIB mineiro no período pode ser creditada, praticamente, à inflexão do setor industrial, que apresentou queda de 4,2%, uma vez que houve apenas ligeiro decrescimento, de 0,2%, no volume de valor adicionado pelo setor de serviços e elevada variação positiva, de 7,2%, do índice de volume agregado pelo setor agropecuário do estado (Tabela 1).

Produto Interno Bruto e Valor Adicionado: Taxas de variação 1° Trimestre 2016/4° Trimestre 2015 (%) - Minas Gerais e Brasil - Série com ajuste sazonal

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O crescimento do setor agropecuário foi favorecido pela melhora das condições climáticas e pelo desempenho de culturas colhidas no primeiro trimestre do ano e, ao mesmo tempo, com importância na estrutura agrícola mineira, tais como a primeira safra do feijão, da batata-inglesa e da soja. 

De acordo com o pesquisador da Fundação João Pinheiro, Thiago Almeida, a expectativa é de que o setor apresente bons resultados para 2016.  Neste primeiro trimestre, mesmo sem o início da safra do café, já houve uma melhora considerável no desempenho da agropecuária, muito influenciada pelas chuvas bem distribuídas, o que favoreceu a produtividade explicou. Se compararmos com o mesmo trimestre do ano passado, quando foram colhidos os mesmos produtos, os resultados positivos ficam ainda mais evidentes, com crescimento de 13,6%, observou.  

A retração da indústria em Minas Gerais no primeiro trimestre de 2016 na série com ajuste sazonal esteve relacionada ao desempenho negativo de três dos quatro subsetores em que a metodologia do PIB trimestral permite desagregar a atividade industrial: a extrativa mineral (5,0%), a indústria de transformação (2,2%) e a construção civil (1,9%) (Tabela 1).

O único subsetor da indústria com resultado positivo para o trimestre foi o de energia e saneamento, com alta de 2,0%, devido ao volume de chuvas no período, ressaltou o pesquisador da Fundação João Pinheiro Glauber Silveira. Se analisado o acumulado dos últimos doze meses, tivemos uma queda de 8,7% no setor, apontou.

O segmento de extração mineral segue sofrendo os efeitos do rompimento da barragem em Mariana e a consequente paralisia no nível de atividade na região. Na indústria de transformação, a redução na fabricação de bens de capital (veículos, produtos de metal e máquinas e equipamentos), de produtos químicos e do refino e na fabricação de minerais não metálicos ajudam a entender a queda no nível de atividade. Em consonância com o recuo na fabricação de produtos de minerais não metálicos, a construção civil segue sendo afetada pelo excesso de oferta de unidades residenciais prontas e a dificuldade de repasse para compradores finais diante da restrição de crédito, resultando em redução no lançamento de novos empreendimentos por parte das construtoras. 

O fraco desempenho do setor de serviços, que registrou queda de 0,2%, insere-se no cenário recessivo construído na economia brasileira como um todo. O aumento da taxa de desemprego e da inflação, a redução da massa salarial real e o crédito mais restrito influenciam no comportamento dos consumidores, o que impactou diretamente no desempenho do comércio e prestação de serviços, concluiu o pesquisador da FJP, Caio Gonçalves. 

O Brasil apresentou retração do PIB no primeiro trimestre de 2016, em relação ao trimestre imediatamente anterior, que corresponde à metade da retração registrada para Minas Gerais. Nessa perspectiva de comparação dois aspectos chamam mais a atenção:

a) A retração do setor industrial foi bem mais expressiva em Minas Gerais (4,2%), capitaneada pela redução na indústria extrativa mineral (5,0%), do que no conjunto do Brasil (1,2%), devendo-se ressaltar, em ambos os casos, a variação positiva do subsetor de energia e saneamento (2,0% em Minas Gerais e 1,9% no Brasil);

b) O crescimento expressivo do setor agropecuário em Minas Gerais (7,2%), em contraste com a variação negativa registrada para o conjunto do Brasil (0,3%).

É importante destacar que o forte crescimento do setor agropecuário em Minas, assim como um crescimento moderado nas atividades industriais na área de energia e saneamento, não foram suficientes para impedir uma variação negativa do PIB, reforçando a elevada dependência da economia mineira em relação ao comportamento da indústria extrativa mineral. Isto, por consequência, evidencia a necessidade de ações visando à diversificação da produção econômica de Minas Gerais.

Revisão - Estes resultados são preliminares e, naturalmente, estão sujeitos a revisão. Os cálculos são sempre revistos em parceria com o IBGE, com dois ajustes principais: 1) atualização da estrutura de ponderação das atividades econômicas no valor adicionado da economia do Estado; e 2) substituição de projeções ou valores preliminares nas séries de dados primários utilizados no cômputo do PIB trimestral por valores consolidados. Os procedimentos de revisão são semelhantes aos adotados pelo IBGE no que diz respeito às Contas Nacionais Trimestrais, e os resultados definitivos são divulgados usualmente com defasagem de dois anos. Ressalte-se que o IBGE já completou o processo de atualização da metodologia do PIB Trimestral à nova metodologia de cálculo do PIB anual, conforme publicado na nova referência (2010) do Sistema de Contas Nacionais, mas a FJP ainda deverá completar o processo de atualização metodológica do PIB Trimestral de Minas Gerais.