Minas Gerais é estado pioneiro em projeto de Gestão do Conhecimento
Plano que será aplicado em toda a administração pública estadual busca incrementar, sistematizar e valorizar o capital intelectual
Minas Gerais é o primeiro estado brasileiro a elaborar um Plano Estadual de Gestão do Conhecimento, lançado nesta semana pelo Governo do Estado por meio da Subsecretaria de Gestão da Estratégia Governamental, vinculada à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão. A estratégia, diferenciada no tocante à abrangência e natureza sistêmica, envolvendo todos os órgãos governamentais, consiste em aplicar as melhores práticas de gestão do conhecimento, já disseminadas no setor privado, a fim de sistematizar e valorizar o capital intelectual das pessoas que atuam no setor público.
O instrumento permite a uma organização criar e disseminar o conhecimento, mediante a implementação de um conjunto de ações que consolidam e ampliam o aprendizado individual e coletivo. O plano coloca em prática a Política Estadual de Gestão do Conhecimento, instituída pela resolução da Seplag de 27 de julho de 2012, que vai ao encontro dos objetivos de aprimoramento crescente da gestão pública estadual, definidos pelo Choque de Gestão.
Sendo o conhecimento humano o insumo básico que norteia as atividades das organizações, a sua gestão constitui um desafio a ser enfrentado. O sucesso dos resultados é proporcional à atenção conferida aos processos de geração e disseminação de novos conhecimentos, estimulando-se o aprendizado permanente e a sistematização deste conhecimento adquirido, destaca a secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena.
Com a formalização das práticas para a preservação de uma memória organizacional ligada ao conhecimento tácito dos funcionários e a suas práticas de trabalho, o Governo de Minas busca agregar ainda mais valor e eficiência aos serviços ofertados à população. Os principais benefícios da gestão do conhecimento são maior aprendizado, a inovação, o aumento de produtividade e aumento do grau de colaboração, explica a assessora chefe da Assessoria de Gestão da Informação (AGI), Margarida Maria Souto Fantoni. Além disso, a adequada gestão do conhecimento promove um maior grau de transparência da gestão pública, com a disponibilização de informações qualificadas e de interesse da sociedade civil.
Mudança cultural
Segundo o membro do Comitê Estadual de Gestão do Conhecimento, Gustavo Pires de Andrade Silva, a mudança de cultura por parte de todos os funcionários é o principal desafio desta estratégia. Precisamos mostrar ao servidor que aplicar a Gestão do Conhecimento em seu dia a dia não é mais uma tarefa que ele vai ter que desempenhar, mas uma forma de melhorar seu trabalho, bem como o trabalho de seus pares e de sua chefia, para fazer com que o gasto de energia da organização para realizar um determinado processo seja menor, observa Silva, que também é coordenador de Gestão do Conhecimento da Secretaria de Estado de Fazenda.
A ferramenta melhora o fluxo de processos ao possibilitar o compartilhamento e a descentralização das informações. A Gestão do Conhecimento traz tranquilidade a todas as pessoas da organização. É um chefe que pode conceder férias prêmio a um servidor ou uma servidora que pode tirar sua licença maternidade sem se preocupar que um processo poderia parar devido à sua ausência. O servidor deixa de ser dono da informação e passa a ser multiplicador, destaca Silva.
O especialista ressalta, ainda, que a Gestão do Conhecimento vai além, envolvendo também um processo de administração, planejamento, ação, visão corretiva e checagem. Na administração pública estadual, ela deve ser sustentada por quatro pilares: foco em resultados, processo, pessoas e a infraestrutura tecnológica adequada, complementa. Um dos exemplos desta aplicação na própria Secretaria de Fazenda é a disponibilização de uma biblioteca na Intranet do órgão, contendo cartilhas, artigos, monografias e dissertações que podem ser consultadas por todos os outros servidores da pasta.
Processo de implantação
A Política Estadual de Gestão do Conhecimento, de 2012, orientou a formação de um comitê executivo responsável pela formulação de políticas sobre o tema nas secretarias e órgãos do Estado. O grupo trabalhou durante todo o ano de 2013 para construir as bases do plano, que começará a ser disseminado e aplicado em 2014. O Governo de Minas conta com o apoio do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no desenvolvimento da metodologia para aplicação do plano.
Os planos das polícias Civil e Militar, que são os modelos piloto da iniciativa, já estão prontos e sua implantação deve começar no próximo ano. Segundo Margarida, os planos setoriais, a cargo de cada órgão ou entidade, estão em fase de elaboração ou validação, sob a coordenação dos respectivos Comitês Setoriais.
Uma característica da nossa política é incorporar ações que já estão acontecendo e serão customizadas ou ajustadas, segundo os princípios da gestão do conhecimento, naturalmente acrescentando-as a novas atividades complementares, comenta a assessora da AGI.
O êxito da iniciativa, segundo a secretária de Estado de Planejamento e Gestão, dependerá do engajamento de todos os servidores. O conhecimento é um insumo para nossas vidas. Se bem organizado, ele diminui o retrabalho e é essencial na rotina e nas atividades do funcionário, ressalta Renata Vilhena.
Comitê Estadual
O Comitê Estadual de Gestão do Conhecimento realizou na semana passada a última reunião do ano, com a participação de representantes da Seplag, SEF, Secretaria de Estado da Casa Civil e Relações Institucionais (Seccri), Controladoria Geral do Estado (CGE), Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Secretaria de Estado de Governo (Segov), Secretaria de Estado de Saúde (SES), Secretaria de Estado de Educação (SEE) e da Polícia Civil.
O encontro, segundo Margarida Fantoni, teve o objetivo de fazer um balanço geral sobre o desenvolvimento do tema e traçar os próximos passos, que incluem a incorporação de novos conhecimentos estratégicos a serem focados pela Política Estadual de Gestão do Conhecimento. A próxima reunião está prevista para fevereiro do próximo ano.
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