A assessora de agricultura familiar da Seplag, Renata Aparecida Souza Seidl, defende, no próximo dia 16, na Universidade de Paris Oueste Nanterre, a sua tese de doutorado "A agricultura ecológica sob o ângulo da qualidade de vida dos agricultores: abordagem comparativa entre duas regiões metropolitanas na França e no Brasil". Do lado brasileiro, o alvo da pesquisa é a Região Metropolitana de Belo Horizonte e do lado francês é a região metropolitana de Paris, Ile de France.

Renata Seidl esclarece que a proposta do estudo é trazer uma reflexão acerca da sustentabilidade dos agricultores, cuja questão "A agricultura ecológica é uma solução sustentável para todos?" surge com uma perspectiva social sobre as condições de vida e de trabalho do agricultor familiar brasileiro e do paysan (agricultor) francês, investidos na prática da agricultura ecológica.

Ela salienta que este questionamento recai sobre a ideia de "sustentabilidade", compreendida não somente no aspecto da preservação do meio ambiente e dos ecossistemas, mas também quanto ao tecido social e à qualidade de vida dos indivíduos, nesse caso, os agricultores. "Desta forma, discute-se a qualidade de vida dos agricultores, cuja autoestima e satisfação profissional encontram-se intrínsecas às relações sociais e às organizações do espaço no qual se inserem", completa.

Histórico

Após a Revolução Verde, iniciada na década de 1960, a agricultura tomou novos rumos graças à introdução de tecnologias e práticas agrícolas modernas (modificação genética de sementes, uso intensivo de insumos industriais, mecanização e redução de custo de manejo) que permitiram intensificar a produção e a produtividade agrícola. Esse modelo de produção conformou-se na agricultura convencional.

No entanto, a menos de meio século de seu desenvolvimento, este tipo de agricultura tem causado preocupações sobre o seu impacto no meio ambiente e na saúde da população. Como uma proposta alternativa à agricultura convencional, a agricultura ecológica, sob diversos nomes (Orgânica, Agroecológica, Biológica, dentre outras) tem se destacado no âmbito dos sistemas agroalimentares locais e globais, tanto em termos de produção quanto de área de comercialização.

Seu desenvolvimento tem se sustentado por um mercado de investimentos econômicos, representado por grandes empresas agroalimentares e por pequenos agricultores, que converteram suas áreas para uma maneira ecológica de produção. Diante desse contexto, a inclusão ou adesão dos pequenos agricultores a esse tipo de agricultura motiva uma investigação na esfera social.