
OncoTag desenvolveu kit de exame molecular que pode ajudar os clínicos na escolha do melhor tratamento para pacientes com câncer de ovário. Governo do Estado tem o investimento em tecnologia e inovação como uma das prioridades
A Fundação Ezequiel Dias (Funed) está atenta aos movimentos de grupos conectados pela busca de respostas tecnológicas e criativas aos desafios e problemas da sociedade. Com isso, a primeira startup com parceira técnico-científica da fundação, a OncoTag encontra incentivo e, por mais uma vez, é destaque no universo do empreendedorismo e da inovação no Brasil.
Desenvolvedora de um kit para exame de câncer do ovário, a OncoTag foi incluída entre as “100 startups mais quentes do Brasil”, em um ranking que orienta investidores, aceleradoras e programas que buscam as empresas mais promissoras do país.
“A Funed incentiva a inovação por entender que precisamos estar conectados com a tendência nacional de promover a economia nas mais diversas áreas, inclusive na saúde, gerando produtos inovadores que possam trazer recursos para o estado”, afirma a bióloga coordenadora do Serviço de Biologia Celular da fundação, Luciana Maria Silva.
O bem sucedido ranqueamento da startup da Funed, dentre 1.300 startups inscritas e avaliadas por uma revista de repercussão nacional, é motivo de satisfação pelo trabalho desenvolvido, principalmente porque envolve atores públicos.
“É muito bom para a sociedade saber que dentro de instituições sérias como a Funed existem pesquisas feitas com qualidade e este reconhecimento nos fortalece e nos motiva a seguir cada vez mais nesse caminho da inovação” - Luciana Maria Silva, coordenadora do Serviço de Biologia Celular
O resultado foi publicado na revista “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”, em um cenário favorável ao desenvolvimento e criação de startups, ainda mais quando a inovação tem sido uma das prioridades do Governo de Minas Gerais para diversificar e alavancar da economia.
Em Minas Gerais, além do ambiente proporcionado pelo Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development (Seed), única aceleradora de startups com recursos públicos do Brasil, a gestão estadual atua para promover a ciência, tecnologia e inovação, com vista ao desenvolvimento sustentável e à melhoria na qualidade de vida dos cidadãos.
A pesquisa
O Serviço de Biologia Celular da Funed tem como linha de pesquisa a oncologia de precisão e, neste universo de estudos, nasceu a OncoTag, a partir de projetos orientados pela coordenadora Luciana Silva, e compartilhados com a pesquisadora Letícia Braga e outros envolvidos.
Com atuação desde 2008 em pesquisas sobre o câncer ginecológico, a startup desenvolveu um kit de exame molecular para avaliação, com o desenvolvimento de biomarcadores genéticos, que pode ajudar os clínicos na escolha do melhor tratamento para suas pacientes.
“Com resultados positivos no Programa de Incentivo à Inovação (PII), ainda em 2008 fomos encorajadas a montar a OncoTag, que, a partir do registro, teve a possibilidade de receber recursos para que o projeto se tornasse realidade”, diz Letícia.
Agora, a proposta da startup é alcançar 17% das pacientes com câncer de ovário, no universo das 6 mil mulheres que adoecem no Brasil, realizando mil exames por ano para ajudar a salvar vidas e tornar a OncoTag viável.
“A principal estratégia é colocar o kit de marcadores dentro dos laboratórios de medicina diagnóstica, tendo médicos como influenciadores e, com isso, aumentar o acesso ao tratamento de precisão”, detalha a pesquisadora Letícia.
Nascida da necessidade de unir a pesquisa básica à prática clínica, a startup conta hoje com o envolvimento de profissionais e pesquisadores da Funed e das universidades federais de Minas Gerais (UFMG) e de Uberlândia (UFU).
Pesquisador e empreendedor
A inovação está no centro da experiência desenvolvida pelas startups e na Funed está associada à pesquisa cientifica, fazendo com que pesquisadores entrem nesta dinâmica com outra atribuição: a de empreendedores.
Na OncoTag, uma equipe multidisciplinar assumiu o empreendimento. As biólogas da Funed Luciana Maria Silva e Letícia da Conceição Braga são as responsáveis pela condução do trabalho com o auxílio e participação da médica oncologista Nara Rosana, além do administrador Ricardo Oliveira.
A startup conta com a parceria do professor titular da UFMG, o médico ginecologista, Agnaldo Lopes, e de dois bioinformatas da Universidade Federal de Uberlândia, Laurence Amaral e Matheus Souza.
Luciana Maria destaca que a OncoTag já tem um termo de parceria técnico-cientifico publicado no Minas Gerais, Diário Oficial do Estado, e com este documento a atividade da startup é feita em plena sintonia com o Serviço de Biologia Celular.
Os pesquisadores da OncoTaq foram contemplados pelo edital de demanda universal da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) para realizar os estudos clínicos, nas fases I e II da pesquisa, e assinaram o Termo de Parceria da Thermo Scientific, um das linhas oferecidas pela fundação, para o fornecimento de insumos necessários até a fase clínica do estudo (fase III).
Reconhecimento
O Termo de Parceria entre OncoTag e Funed estabelece os estudos de biomarcadores em câncer de ovário, no entanto, a startup foi premiada em oportunidades distintas, como em 2016, no InovAtiva Brasil, o Programa de Aceleração do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Conquistou também o segundo lugar no Prêmio Fleury de Inovação e a publicação na revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, de abril de 2018, como uma das 100 startups no Brasil para serem observadas.
Além da OncoTag, está no início de suas atividades na Funed, a CELLtype, que já foi premiada em terceiro lugar no Programa de Aceleração Biostartublab, da Biominas, em 2018.
Ainda na fase de elaboração dos documentos necessários para a assinatura do Termo de Parceria, a CELLtype é conduzida pela doutoranda em Genética, Aline Brito. Compõem a equipe Milene Pereira Moreira, bióloga e doutoranda em Patologia; Marcelo Aguilar, graduando em Sistemas de Informação; e Norival Brito, graduando em Engenharia de Produção.
Sedectes e Seed
Investir em tecnologia e inovação é um dos carros-chefes do Governo de Minas Gerais. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes) coordena com sucesso o Seed, retomado em 2015 e que, desde então já oportunizou importantes ações e resultados para o segmento das startups.
Com o primeiro edital lançado em 2013, o Seed já promoveu quatro rodadas de aceleração. Até o momento, o programa atingiu a marca de 5.408 inscrições e contou com a participação de 152 startups, sendo 116 brasileiras e 36 estrangeiras de 25 nacionalidades, reunindo um total de 384 empreendedores.
As empresas aceleradas geraram 300 empregos diretos em Minas Gerais e captaram cerca de R$ 22 milhões em investimentos. O coworking do programa recebeu, apenas em 2017, 9 mil visitantes.
O Governo de Minas Gerais liberou, na atual gestão, cerca de R$ 11 milhões na terceira e quarta rodadas, em 2016 e 2017, já dentro do modelo de democratização do Seed.
Com o 5º edital, em andamento, o Seed espera atender todos os Territórios de Desenvolvimento de Minas Gerais, todos os estados do Brasil e países dos cinco continentes, como explica um dos coordenadores do programa, Bruno Scolari.
“A cada edital o Seed se consolida mais como um protagonista do efervescente ecossistema de empreendedorismo e inovação de Minas Gerais e do Brasil. A formação empreendedora e as atividades de difusão impactam a curto, médio e longo prazo a formação de uma mentalidade de negócios inovadores e o desenvolvimento social e econômico do nosso estado”, comenta.
O programa é parte do Minas Digital, iniciativa da Sedectes que tem como objetivo difundir a mentalidade empreendedora e tornar Minas Gerais o maior hub de startups e inovação da América Latina e é financiado pela Fapemig.