Rompimento em Brumadinho completa mil dias com maior operação de buscas e acordo de reparação assinado

O rompimento das barragens da Vale S.A. na Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, completou mil dias nesta quinta-feira (21/10). Naquele 25 de janeiro de 2019 foram iniciados os trabalhos da operação de busca e salvamento, considerada hoje a maior da história. Coordenados pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, os trabalhos já localizaram e identificaram 262 pessoas e seguem, sem previsão de fim, em busca de oito joias - como as famílias se referem às vítimas.
Desde o dia do desastre, diversos setores e órgãos do poder público também trabalham incansavelmente para que a Vale seja responsabilizada e pague por todos os danos provocados.
Em 4 de fevereiro de 2021, houve a celebração do Acordo Judicial de Reparação pelo Governo do Estado, pelo Ministério Público de Minas Gerais, pelo Ministério Público Federal, pela Defensoria Pública de Minas Gerais e pela Vale S.A. e homologado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, garantindo que a empresa fosse responsabilizada pelos danos causados às regiões atingidas e à toda sociedade mineira com o rompimento das barragens. É o maior acordo de medidas de reparação em termos financeiros e com participação do Poder Público já firmado na América Latina, tendo inicialmente o valor de R$ 37,68 bilhões para reparação socioeconômica, socioambiental e compensação dos danos na região atingida e em toda Minas Gerais.
Cabe destacar que não existe reparação possível para a perda de 272 vidas. Mas o Estado, juntamente com as instituições de Justiça, trabalha incansavelmente para tentar construir um futuro melhor.
“Primeiramente, sempre precisamos nos solidarizar com os parentes e amigos das joias que se foram devido ao rompimento. Também é preciso parabenizar o trabalho dos Bombeiros que tem atuado com dedicação e sensibilidade, sem medir esforços, e demonstram a mais alta competência para realizar as buscas em um ambiente desfavorável e perigoso. Cabe ainda reafirmar que o Governo de Minas, juntamente com as instituições de Justiça, atua para que o acordo seja cumprido em sua integralidade, garantindo, assim, a reparação justa e célere”, disse o secretário adjunto de Planejamento e Gestão e coordenador do Comitê Pró-Brumadinho, Luís Otávio Milagres de Assis.
O rompimento despejou cerca de onze milhões de metros cúbicos de rejeitos. Atingiu uma área de cerca de três milhões de metros quadrados. Mais de quatro mil militares já foram empenhados nos trabalhos de busca. Desde o dia do desastre, ocorrido em 25 de janeiro de 2019, o trabalho do Corpo de Bombeiros foi interrompido somente em um período da pandemia, por 5 meses em 2020.
“O marco temporal de hoje, mil dias, representa toda uma trajetória que foi toda devidamente planejada a cada momento, a cada instante, para que as buscas, para que todo sucesso, para que todos os encontros e todas as atividades fossem realizados. É um marco temporal importante por ser a maior operação de busca e salvamento da nossa instituição, envolvendo o estado como um todo”, destacou o chefe do Estado-Maior do CBMMG, coronel Erlon Dias do Nascimento Botelho.
Ao longo destes mil dias, os trabalhos de busca foram divididos por estratégias. Atualmente, estão na 8ª, que estabelece um critério único que é de alcançar as camadas mais profundas de todas as áreas na mancha de rejeitos, mantendo o foco para as áreas prioritárias e de maior interesse. Considerando a grande extensão da área e volume de material a ser examinado, somado à limitação da capacidade visual nas buscas com a utilização de técnicas de escavação, o uso do peneiramento mostrou-se, de acordo com o Corpo dos Bombeiros, uma alternativa viável.
Integração e cooperação
Os trabalhos desde o rompimento das barragens em Brumadinho envolveram esforços e empenho de diversos setores do poder público. Houve a atuação harmônica e integrada de mais de 50 órgãos públicos, envolvendo a atuação em nível municipal, estadual e federal. Especificamente no Governo de Minas, mais de 25 órgãos participam dos trabalhos, entre secretarias de Estado, autarquias, agências reguladoras, fundações e órgãos do Judiciário.
Com relação às ações de resposta, os principais órgãos estaduais envolvidos são: Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, Defesa Civil, Polícia Militar e Polícia Civil. Com destaque também para o trabalho de identificação das vítimas feito pela Polícia Civil.
Comitê Pró-Brumadinho
No dia do rompimento das barragens, que pertencem à Vale, foi instituído, temporariamente, o Gabinete de Crise do Estado de Minas Gerais em razão do rompimento,com o objetivo de mobilizar e coordenar as atividades dos órgãos públicos estaduais e entidades quanto às medidas imediatas a serem adotadas na minimização dos impactos do desastre. No mês seguinte, o governo do estado de Minas Gerais instituiu o Comitê Gestor Pró-Brumadinho, com o objetivo de coordenar as ações estaduais de recuperação, mitigação e compensação dos danos causados à população dos municípios atingidos pelos rompimentos na Mina Córrego do Feijão, no município de Brumadinho.
Sob coordenação da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), o Comitê reúne diversos órgãos do governo do Estado de Minas Gerais, que atuam de forma coordenada e intersetorial, buscando maior celeridade e efetividade no processo de reparação às pessoas e regiões atingidas.
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