Estudos sobre rastreabilidade e origem geográfica de produtos mineiros são liderados pela Epamig

A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) coordena, desde 2023, projeto voltado à rastreabilidade e à identificação da origem geográfica de vinhos, azeites e cafés produzidos em Minas Gerais. O objetivo é preservar a identidade e garantir maior segurança na produção e consumo desses produtos. A iniciativa é realizada em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (RS) e o Instituto Senai de Tecnologia Ambiental (SC).
“Tomamos a iniciativa de propor esse estudo pela relevância de nossos trabalhos com as cadeias produtivas de vinho, azeite e café. Estamos desenvolvendo, em conjunto, ferramentas que permitirão rastrear e caracterizar a origem dos produtos, beneficiando tanto produtores quanto consumidores, que passarão a contar com maior controle de qualidade e agregação de valor”, explica o diretor de Pesquisa e Inovação da Epamig, Trazilbo de Paula.
Os estudos investigam as características químicas e físicas dos produtos por meio de técnicas avançadas, como metabolômica, análise de isótopos e caracterização físico-química. Essas análises permitem identificar marcadores específicos que revelam a origem geográfica, funcionando como uma espécie de “impressão digital”. A pesquisa engloba azeites da Serra da Mantiqueira, vinhos da colheita de inverno e cafés de diferentes regiões mineiras.
“Produtos mineiros, como os vinhos, podem ser alvo de falsificações. Assim, buscamos desenvolver métodos que confirmem cientificamente a origem do que está sendo comercializado. Por exemplo, por meio de isótopos de carbono e outros elementos, conseguimos identificar se o vinho tem origem em determinada região, considerando características do solo, clima, entre outras”, detalha o professor e pesquisador Leandro Carvalho, da UFSM.
Além da análise do produto final, o estudo também investiga etapas anteriores da produção, como o café ainda verde e as folhas da oliveira e videira, permitindo uma compreensão mais ampla do ciclo produtivo.
"Minas Gerais é um estado privilegiado para esse tipo de imersão, pois concentra quase todas as cadeias produtivas. E a Epamig se destaca como uma parceira estratégica nesse processo, por sua capilaridade em todo o setor do agronegócio, o que nos permite estar cada vez mais próximos dos produtores", complementa Leandro.
O projeto está em andamento e já foram realizadas coletas em três safras consecutivas (2023, 2024 e 2025). A base de dados formada com essas amostras será inédita e permitirá, até o fim do projeto em 2026, comparar resultados entre diferentes anos e regiões.
“O objetivo final é construir um banco de dados robusto que sustente a concessão de selos de Indicação Geográfica, e ajude a garantir que o produto é, de fato, da região indicada”, pontua o pesquisador.
A iniciativa também busca apresentar as ferramentas desenvolvidas como base para a construção de uma estratégia que possa integrar futuras políticas públicas de controle e selos de qualidade.
Jornalista responsável: Mila Cristian - Ascom/Epamig
Foto: Divulgação/Epamig