Setor agropecuário mundial volta os olhos para Montes Claros
Os olhos do setor agropecuário nacional e internacional estão voltados para Montes Claros, no Norte de Minas Gerais. Desde 23 de setembro, o município sedia um exercício simulado de atendimento a foco de febre aftosa do país, realizado pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A iniciativa acontece poucos meses após o estado receber da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) o reconhecimento como zona livre de febre aftosa sem vacinação — status conquistado em maio deste ano.
A ideia do simulado é demonstrar a capacidade técnica e estrutural de Minas Gerais para agir rapidamente em caso de um eventual foco da doença. A ação, que vai até 3 de outubro, destaca o preparo das equipes, o uso de novas tecnologias e o compromisso do estado com a sanidade animal. A ação contará com ferramentas de alta tecnologia e o lançamento de um aplicativo inédito, desenvolvido especialmente para o atendimento de emergências sanitárias.
“O exercício simulado mostra a robustez do serviço veterinário oficial brasileiro e mineiro. O IMA é uma referência. Por isso, estamos fazendo este trabalho em Minas. O Brasil é hoje o maior exportador de carne bovina e o segundo maior produtor. Mostramos, com o simulado, a qualidade sanitária deste nosso produto, que é a carne verde, que ganha cada vez mais o mundo. A ação mostra que estamos prontos para abrir novos mercados”, destaca o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Thales Fernandes.
Como é realizado o simulado
Segundo a presidente do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Luiza Castro, a simulação tenta ser o mais fiel possível a uma realidade. Começa com a suspeita de um foco de febre aftosa, em que o produtor rural perceberia sinais clínicos nos animais dele, notificaria o escritório local do IMA, que faria um atendimento a essa suspeita.
Confirmando a suspeita, a partir daí haveria uma simulação de coleta de material para análise laboratorial. “Esta etapa preliminar, que a gente chama de fase de investigação começou no dia 23. Ontem, dia 25, a gente já simulou a confirmação do foco, da existência da doença. Agora, a partir de amanhã (dia 27), a gente começa as atividades de atendimento ao foco”, descreve Luiza.
Ela destaca que são atividades robustas e ágeis, em que é necessário simular o saneamento completo da propriedade onde foi detectado o foco, além da vigilância de todas as propriedades que estão no raio de 3 km daquele foco, garantindo que não há novas notificações.
Além disso, de acordo com Luiza, é feita a rastreabilidade de todos os animais que transitaram nessa área para levantar onde haveria uma eventual contaminação. “E tudo isso tem de acontecer no menor tempo possível, porque quanto menos tempo a gente garante que não houve dispersão da doença, maior a confiança na nossa capacidade, menor impacto nos acordos bilaterais”, afirma Luiza Castro.
Jornalista responsável: Márcia Queiroz
Fotos: Diego Vargas/Seapa