Oliveira é símbolo de conexão entre saúde humana, animal e sustentabilidade ambiental
Árvore milenar associada à história da humanidade, a oliveira tem um Dia Mundial proclamado pela Unesco, 26 de novembro. Para marcar a data, a pesquisadora de pós-doutorado da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Amanda Souza, destaca o papel vital da planta nos aspectos cultural, social e econômico, bem como, para a saúde do planeta.
“Um estudo recente, publicado no periódico Frontiers in Public Health: Olive tree at the intersection of environment, public health, and One Health: a sustainable path to global wellbeing, explora a abordagem One Health (Saúde Única) na olivicultura, posicionando a oliveira como um eixo central na interseção entre saúde humana, nutrição animal e sustentabilidade ambiental", informa a pesquisadora.
O conceito One Health adota uma perspectiva interdisciplinar, reconhecendo que a saúde humana é interdependente da saúde dos animais e das condições do meio ambiente, e ressalta a importância de estratégias coordenadas para enfrentar os desafios de saúde em escala global.
“Nesse contexto, a oliveira e seus derivados, azeitonas e azeite de oliva, têm seus papéis notavelmente destacados nos três domínios interconectados. Essa perspectiva integrada evidencia como esta árvore milenar tem emergido cada vez mais como um pilar do bem-estar global", aponta Amanda.
Saúde Humana
O consumo de azeite de oliva extra virgem e virgem tem sido associado a um menor risco de doenças crônicas, apoiado por evidências epidemiológicas e clínicas.
“Os altos níveis de ácidos graxos monoinsaturados, particularmente ômega-9, têm sido associados ao controle do diabetes. Compostos bioativos e antioxidantes estão relacionados à redução da incidência de câncer, doenças cardiovasculares e inflamatórias, e menor mortalidade por demência”, enumera Amanda Souza, acrescentando que:
“Esses constituintes também desempenham um papel importante na prevenção da aterosclerose e outras doenças crônicas, ao reduzir o estresse oxidativo, e processos inflamatórios”.
Meio Ambiente
A olivicultura desempenha papel importante na promoção da biodiversidade e, quando o manejo agronômico é adequado, na captura de carbono tanto na biomassa quanto no solo, contribuindo para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Estudos recentes sugerem que as oliveiras podem melhorar a qualidade do ar em ambientes urbanos ao capturar poluentes.
O bagaço de oliva é rico em celulose e tem sido estudado para o desenvolvimento de embalagens alimentares biodegradáveis como alternativa ao plástico. Os caroços de azeitona são amplamente utilizados como combustível de biomassa, gerando calor e eletricidade para operações agroindustriais.
Alimentação Animal
Quando adicionado à alimentação animal, o bagaço de oliva é uma fonte rica em compostos bioativos e fibras, oferecendo propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antimicrobianas, e melhorando a função imunológica e a saúde intestinal.
“Além disso, melhorias nutricionais têm sido observadas em carnes, laticínios e ovos de animais alimentados com subprodutos da indústria do azeite", completa a pesquisadora, que finaliza:
“A oliveira é mais do que a fonte de um valioso produto alimentar. Ela é um ponto de convergência que fortalece um sistema alimentar sustentável, ao conectar patrimônio cultural, preservação ambiental e saúde pública de longo prazo".
Adaptado do artigo: A Oliveira como Aliada da Saúde Humana, Animal e Ambiental, de Amanda Souza - Doutora em Química, publicado em parceria com o Olive Health Institute.
Foto: Maria Eduarda Rocha Antonio