Que tal inovar com uma ceia de Natal bem mineirinha?
Imagine uma ceia com pão de queijo e lombo recheados com jabuticaba, salada com hortaliças e frutas da agricultura familiar, azeites vindos da Serra da Mantiqueira mineira e, de sobremesa, cheesecake de café ou doce de leite com queijo artesanal. E mais: brinde com vinhos de inverno finos do Sul ou Norte do estado. Produtos do campo mineiro rendem, sim, pratos deliciosos para compor uma ceia original nas confraternizações, bem longe do tradicional cardápio com peru, chester e panetone. É o que prova a chef de cozinha Maria José Avelino Victoria.
Professora e consultora especializada em culinária mineira e italiana e em confeitaria, ela sugere valorizar o que vem da agricultura do estado. A proposta inclui entradas com pães de queijo recheados com jabuticaba em compota e salada em formato de guirlanda com morango, mangas, tomate-cereja, alface e flores comestíveis. Como prato principal, lombo recheado com bacon e jabuticaba, acompanhado de batatas assadas e farofa feita bacon flambado na cachaça, farinhas de mandioca e milho e jabuticabas em compota, em vez de passas.
As saladas valorizam hortaliças, frutas e plantas alimentícias não convencionais (Pancs) das hortas e pomares mineiros. Para a sobremesa, a chef Maria José oferece uma opção com dois ingredientes que representam a agricultura do estado, o leite e o café: um o tradicional doce de leite e o cheesecake de café. “O doce de leite pode ser servido puro ou acompanhando um bom Queijo Minas Artesanal, com doces de figo, mamão ou cidra em calda ou ainda, para quem prefere, um delicioso sorvete de queijo!”, sugere.
As receitas de todas os pratos podem ser conferidos no link : https://acesse.one/F8szk
Vale lembrar que, antes de todos esses produtos chegarem à mesa do consumidor, existe o trabalho desenvolvido pelo Governo de Minas, por meio do Sistema Agricultura, formado pela Secretaria de Agricultura, Emater-MG, Epamig e IMA. Os técnicos da Emater-MG têm um papel fundamental no apoio técnico e de gestão aos produtores da agricultura familiar.
A equipe orienta desde a viabilização de agroindústrias de pequeno porte — tanto de produtos de origem animal quanto vegetal. “Auxiliamos na regularização, na criação dos rótulos e na adoção de novas tecnologias para o processo produtivo”, explica a coordenadora técnica de Agroindústria da Emater-MG, Thaís Brumano Kalil. Ela destaca que os produtos da agroindústria familiar têm grande potencial para compor as mesas de fim de ano. “São produtos seguros, pois os agricultores adotam boas práticas desde o trabalho no campo até o processamento e a comercialização”, afirma.
A pesquisa científica também é decisiva para o desenvolvimento dos produtos. A produção de vinhos e azeites — ícones das confraternizações, associados à fartura e à união — só se tornou possível em Minas graças ao trabalho da Epamig. Atualmente, a instituição atua em 14 frentes de pesquisa em alimentos e foi responsável, há 15 anos, pela primeira extração de azeite extravirgem do Brasil.
Cerca de 200 propriedades da região da Serra da Mantiqueira, no Sul de Minas, produzem azeites, e 130 vinícolas estão em atividade em 50 municípios do estado. Para estimular esses segmentos, a Epamig mantém dois campos experimentais na região: um de olivicultura, em Maria da Fé, e outro de viticultura, em Caldas.
“Os vinhos e azeites mineiros já conquistam prêmios nacionais e internacionais. Agora, buscamos adaptar o cultivo de oliveiras a regiões mais quentes, ampliando a produção de azeite para outras áreas do estado”, afirma o diretor de Pesquisa e Inovação da Epamig, Trazilbo José de Paula Júnior.
Há cerca de duas décadas, pesquisadores introduziram no país a técnica da dupla poda da videira que permite a colheita das uvas no inverno. A técnica é favorecida pela amplitude térmica, dias quentes, secos e ensolarados e noites frias, o que é característico do inverno em diversas regiões do Brasil.
Ao IMA, por sua vez, cabe a função de inspecionar e fiscalizar produtos de origem animal e seus derivados. No caso dos produtos de origem vegetal, o Governo de Minas publicou, neste ano, o decreto que regulamenta a Lei nº 25.424, possibilitando que bebidas e alimentos processados a partir de vegetais passem a ser fiscalizados pelo órgão. Antes, essa atribuição era exclusiva do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Entre as cadeias produtivas beneficiadas pelo decreto estão a da cachaça. “Trabalhamos de forma consistente para ampliar o número de produtores regularizados, garantindo um consumo seguro e saudável”, afirma o diretor do IMA, André Duch.
Jornalista responsável: Márcia Queiroz
Fotos: Diego Vargas - Seapa