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De olho no mercado externo, IMA reforça vigilância com exercício simulado de aftosa

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Há 29 anos sem registros da doença, Estado reúne forças nacionais e internacionais, lança aplicativo e reafirma a confiança dos mercados globais
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Crédito: Diego Vargas/Seapa MG

Com um rebanho estimado em 22,1 milhões de cabeças de gado, Minas Gerais sabe que precisa cuidar bem da sanidade desse patrimônio. Em maio desse ano, o Brasil foi declarado ‘zona livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA)’.  Desde 1996 não há registros da doença em território mineiro, mas a gerente de defesa sanitária animal do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Izabella Hergot, explica que não dá pra ‘baixar a guarda’ porque a febre aftosa é uma doença viral de fácil disseminação e grande impacto econômico. Diante da notificação de um caso, a rapidez da ação do Serviço Veterinário Oficial (SVO) pode evitar a disseminação da enfermidade para outros rebanhos e reduzir os impactos econômicos para o país. “É fundamental garantirmos que acordos internacionais de comércio não sejam afetados”, lembrou Izabella.

Ciente disso, o IMA, em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) escolheu Montes Claros, no Norte de Minas, importante polo pecuário, para se preparar para uma situação de emergência sanitária. A simulação de um caso da doença começou em 23 de setembro e segue até 3 de outubro, envolvendo cerca de 300 servidores do IMA, de órgãos similares de outros 21 estados e de representantes de países sul-americanos. A ação conta com o uso de drones, veículos, computadores, equipamentos laboratoriais e um aplicativo desenvolvido especialmente para emergências sanitárias.

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No exercício simulado, tudo acontece como numa situação real. A partir da notificação do caso suspeito numa determinada propriedade, fiscais do IMA vão até o local para examinar os animais e, se necessário, coletar amostras. O gado doente pode apresentar febre, aftas na língua, lábios, nas narinas e nas patas, causando claudicação (manqueira), salivação excessiva e perda de apetite, levando ao enfraquecimento e à diminuição da produção de carne e leite.  A amostra é encaminhada a um Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) e, caso o resultado seja positivo, inicia-se o procedimento de saneamento do foco que entre outras medidas realiza o abate sanitário dos animais.  “Preferencialmente, esses animais devem ser enterrados na própria fazenda de origem, seguindo as recomendações dos órgãos ambientais”, explicou Izabella.

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Aplicativo pioneiro

Outra novidade é a adoção de um aplicativo desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Lavras (UFLA), especialmente para o atendimento de emergências sanitárias. Uma coordenação publica no app as novidades, permitindo que os usuários tenham acesso ao mapeamento de zonas de foco, divisão de equipes, distribuição de tarefas, material de apoio e instruções gerais. “A aceitação da ferramenta tem sido tão boa que ela deverá ser utilizada pelo Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária (Panaftosa)”, revelou a diretora-geral do IMA, Luiza de Castro.

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Memórias

No passado, a febre aftosa provocou forte instabilidade na pecuária brasileira. “Diante da falta de informação, o consumidor ficava inseguro em comprar carne, os preços despencavam e toda a cadeia era impactada”, contou o médico-veterinário, consultor e professor Vitoriano Dornas. Para ele, o exercício mostra para o mercado internacional os protocolos sólidos e capacidade de resposta rápida do Estado. Desde 2019, o Governo de Minas já destinou cerca de R$ 70 milhões à defesa agropecuária, sendo R$ 1 milhão especificamente para este simulado.

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Controle, Erradicação e Orgulho

Gilberto Coelho é médico-veterinário do IMA desde 1972, e presenciou de perto a angústia dos produtores num tempo em que cada unidade regional registrava cerca de cinco casos de aftosa por ano e as propriedades afetadas ficavam impedidas de comercializar seus rebanhos.

“Todo pecuarista tinha que conviver com o ‘fantasma’ da doença e com os altos custos da vacinação. O gado precisava ser vacinado de quatro em quatro meses até que houve uma importante mudança em 1992 quando passamos para a fase da eliminação dos rebanhos acometidos e a transição da vacina aquosa para a oleosa que ofereceria uma ‘janela’ de imunidade maior, de seis meses”, relata o veterinário.

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Hoje, o sentimento de Gilberto, que participa ativamente do simulado em Montes Claros, é de orgulho dos investimentos feitos pelo Governo de Minas e da dedicação de todos os servidores do IMA. “Cinquenta anos não são muito tempo, se levarmos em consideração a luta que é erradicar uma doença como a aftosa e o tempo que outros países levaram pra conseguir alcançar esse status. Agora, precisamos contar com a parceria dos produtores rurais para nos mantermos vigilantes contra quaisquer sintomas e para que não haja um retrocesso nessa conquista”.

 

Jornalistas responsáveis: Marina Lemos e Maria Teresa Leal

Edição: Maria Teresa Leal

Crédito (fotos): Diego Vargas/Seapa MG e Sirley Crispim (aérea)

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