Produtores rurais discutem o futuro do agronegócio em Bom Despacho

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Produtores rurais discutem o futuro do agronegócio em Bom Despacho

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Seminário reuniu instituições e lideranças do setor agropecuário, visando à elaboração de plano estratégico para o fortalecimento da atividade
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A atividade agropecuária é uma das principais fontes geradoras de emprego e renda de Bom Despacho, município situado na região Centro-Oeste do estado. Com o objetivo de fortalecer e ampliar as potencialidades do setor, produtores rurais e diversas instituições ligadas ao segmento se mobilizaram para discutir um plano estratégico para o agronegócio do município. O seminário foi realizado nesta sexta-feira (25/9), em formato híbrido, com a participação virtual e a presença limitada de pessoas no local, seguindo o protocolo de segurança sanitária devido à pandemia.

Impossibilitada de comparecer ao evento por estar cumprindo agenda com o governador Romeu Zema, na região do Triângulo Mineiro, a secretária de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ana Valentini, encaminhou mensagem aos participantes, cumprimentando pela iniciativa. “O momento deste evento não poderia ser mais propício. Minas Gerais está colhendo safras recordes de grãos e café. Também são boas as perspectivas para o desenvolvimento de novas atividades no setor agropecuário. Bom Despacho tem várias possibilidades e, com certeza, vai ser beneficiado pelo bom momento que passa o agronegócio no país”, afirmou em vídeo.

Gestão do agronegócio

O painel que abordou o tema “A gestão do agronegócio” contou com a participação do Subsecretário de Política e Economia Agropecuária da Secretaria de Estado de Agricultura, João Ricardo Albanez, e do presidente nacional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). As apresentações foram mediadas pelo técnico local da Emater-MG, Fábio Gonçalves Campos.

O subsecretário João Albanez apresentou os números do agronegócio mineiro, a geração de divisas com as exportações das principais commodities e o salto de produção e produtividade nos principais segmentos nas últimas décadas. Enquanto o PIB nacional tem previsão de queda, é esperado crescimento de 2% a 3% para o setor agropecuário. “Esse cenário positivo é resultado do que foi plantado tempos atrás. Nós temos a responsabilidade de dar continuidade nesse processo de garantir a produção de alimentos e o abastecimento dos mercados interno e externo. Para isso, contamos com instrumentos de políticas agrícolas e instituições públicas estruturadas, além do apoio de instituições de ensino e dos diversos órgãos que prestam serviço à sociedade”, afirma.

Agronegócio municipal

Representando 8,5% do Produto Interno Bruto (PIB) municipal, que soma pouco mais de R$ 93 milhões, o setor agropecuário de Bom Despacho é diversificado. O destaque é a pecuária leiteira, mas, além da apicultura, o município conta também com as produções de cana-de-açúcar, grãos (soja, milho, feijão), frutas, ovos e reflorestamento, dentre outros.

O agricultor familiar João Bosco de Assis, conhecido na região como Dôte, foi um dos participantes do seminário. Na sua propriedade de 5 hectares, em Bom Despacho, ele planta de tudo um pouco, mas se dedica há 35 anos à produção de mel e derivados. “Com a assistência técnica da Emater-MG, construí uma sala para centrifugação e embalagem. Nossa produção também tem o registro do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), concedido às agroindústrias que cumprem a legislação sanitária e aplicam as boas práticas de processamento na apicultura”, compartilha. A sua produção vai para a merenda escolar e também é comercializada na região.

Participar de cursos e eventos que fortaleçam a sua atividade de agricultor familiar sempre foi uma preocupação deste apicultor de 67 anos, que participa desde a adolescência de iniciativas desenvolvidas pela Associação de Crédito e Assistência Rural (Acar), órgão pioneiro na implantação do serviço de extensão rural no estado e que precedeu a Emater-MG. “Esse encontro de Bom Despacho é muito importante, principalmente para reunirmos o apoio das instituições públicas e empresas da região, porque todo mundo sabe que é o agronegócio que resolve as coisas e supera tudo”, avalia.

Pecuária leiteira

A pecuária leiteira desempenha papel fundamental na economia de Bom Despacho, que ocupa o 16º lugar no ranking dos municípios produtores do estado. Segundo o IBGE, em 2018, a renda gerada com a produção de leite do município foi de R$ 83 milhões. A produtividade (produção por animal/dia) registrou crescimento anual de 4,1%, superando o percentual do estado (3,2%) e até mesmo o nacional (2,6%).

Na avaliação do chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins, a atividade é responsável por interiorizar a geração de riqueza, emprego e renda. “Nos últimos anos, principalmente a partir de 2017, o município vem registrando crescimento na produção e na produtividade e essa é uma tendência muito saudável. Numa época em que a economia nacional apresenta estagnação ou crescimento muito pequeno, a região consegue ter um grande efeito multiplicador, porque o produtor de leite compra muitos bens e serviços para a propriedade e isso faz com que a economia se beneficie muito, inclusive a urbana”, afirma.

Com uma demanda crescente e que vai continuar impulsionando a produção de leite no país, o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite avalia que é fundamental conduzir a atividade como negócio. “O pecuarista que quiser continuar na atividade precisa procurar as melhores tecnologias, fazendo com que a propriedade aumente a produtividade tanto da mão de obra quanto da vaca, ou seja, a produtividade por hectare no final”.

Irrigação

O ex-ministro e ex-secretário da Agricultura de Minas Gerais, Alysson Paolinelli, um dos palestrantes do seminário, falou sobre o uso da irrigação como alternativa para aproveitar o potencial produtivo do município. “Uma opção seria organizar os produtores em cooperativa ou associação para executar um projeto de irrigação de 10 mil hectares, divididos em duas áreas. Em parceria com o Sebrae, estamos estudando um projeto que seja viável economicamente, com a transposição de parte da água do São Francisco e de outros rios que podem ser utilizados”, detalha.

Jornalista responsável: Márcia França

Foto: Divulgação/Seapa

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