Pesquisador mostra na EPAMIG porquê o urucum é excelente para a saúde e para o agronegócio

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Pesquisador mostra na EPAMIG porquê o urucum é excelente para a saúde e para o agronegócio

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            PESQUISADOR MOSTRA NA EPAMIG PORQUÊ O URUCUM É EXCELENTE PARA A SAÚDE E PARA O AGRONEGÓCIO (principalmente para a agricultura familiar)

O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Camilo Flamarion de Oliveira Franco (diretor técnico da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A. e autor do livro Urucum – Sistemas de Produção para o Brasil), apresentou na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), a palestra “O agronegócio do urucum em Minas Gerais”. Para um auditório repleto de pesquisadores, estudantes, empregados e moradores da região Nordeste de Belo Horizonte (onde está localizada a EPAMIG) o pesquisador destacou os recentes resultados das pesquisas relativas ao urucum, também chamado de “ouro vermelho”, que fornece as sementes para o “colorau” ou “colorífico”, muito utilizado na culinária doméstica, inicialmente, mas, hoje também utilizado na culinária industrial, sendo o  pigmento natural mais utilizado pela indústria de alimentos.

Conhecendo melhor o urucum
O urucum está presente na Carta de Pero Vaz de Caminha a D. Manoel I, Rei de Portugal, em 22 de abril de 1509: “Creia V. Majestade, a verdadeira mina do Brasil, são uns ouriços que os índios trazem nas mãos para colorir o corpo. Os ouriços são cheios de grãos vermelhos, pequenos, que, esmagados entre os dedos, fazem tintura muito vermelha, da que eles andam tintos; e quanto se mais molham mais vermelhos ficam.” Urucum tem o nome científico Bixa  orellana L.. Em Tupi-Guarani, é “URU-KU” e significa “vermelho”. Hoje em dia é conhecido como urucum, urucu, açafrão e açafroa.

Aspectos agronômicos da planta urucum

 É um arbusto que pode alcançar de 2 a 9 m de altura;
 É planta ornamental;
 Fornecedora de sementes condimentares;
 Estomáticas, laxativas, antiinflamatórias para as contusões e feridas;
 Apresenta emprego interno na cura das bronquites, febres, doenças do peito, e externo, nas queimaduras;
 Suas folhas têm ação contra as bronquites, faringites e inflamação dos olhos;
 Da polpa que envolve as sementes se obtém valiosa matéria tintorial amarela e/ou vermelha, dependendo da cultivar, chamada “BIXINA”.
 Normalmente, as raízes são utilizadas na medicina popular no combate às bronquites e doenças respiratórias.

Condições edafoclimáticas para o urucum

Clima

 Amplitude térmica: 22° a 27° C;
 Temperatura ideal: 25° C;
 Precipitação pluviométrica: 800 a 1200 mm/ano;
 Precipitação ideal: ³ 1000 mm (bem distribuídas);
 Umidade relativa do ar: em torno de 80%;
 Altitude: desde o nível do mar até 1200 m;
 Altitude ideal: entre 100 a 800 m (>teor de bixina);
 Ventos: frios e fortes, podem causar prejuízos.

Solo

 Preferencialmente de boa drenagem;
 Fertilidade natural variando de média a alta;
 pH entre 5,5 e 7,0;
 Bons níveis de cálcio e magnésio;
 Ausência de alumínio, principalmente;
 Topografia plana ou ligeiramente ondulada.

O urucum e o Câncer
De acordo com o pesquisador, depois do infarto do miocárdio e da violência, o Câncer é a terceira maior causa de mortes no mundo. “Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até o ano 2020 o Câncer vai aumentar em até 50%  em todo o nosso planeta. Atualmente, 20 milhões de pessoas vivem com Câncer no mundo. Deste  total, 10 milhões morrem anualmente”, disse. Dados do Instituto Nacional do Câncer do Brasil, mostram que em 2007 foram registrados 470 mil novos casos de Câncer, sendo 232.000  em homens  e  238.000  em mulheres. O Câncer de Próstata matou 49.500 homens; o de Mama matou  49.400  mulheres; o de Pulmão matou  27.200 pessoas; o de Colo de Útero matou 18.620  pessoas; o de Estômago matou  30.600 pessoas. Dos 470 mil novos casos de Câncer registrados no ano de 2007 no Brasil, 130 mil terminaram em óbitos. Entre 1979 e 2003, a taxa de mortalidade cresceu 30% e os gastos do Governo Federal aumentaram em 103% de 2000 a 2005. “E onde entra o urucum neste contexto? Dentre os corantes naturais, a Bixina exerce um papel fundamental na redução do Câncer, principalmente o do Estômago. Para tanto, basta que haja conscientização das pessoas, na reeducação dos hábitos alimentares”, destaca.
               A Bixina é o pigmento vermelho ou alaranjado, dependendo da cultivar, presente em maior concentração nas sementes do URUCUM, representando mais de 80% dos carotenóides totais. Os índios utilizavam a Bixina para coloração da pele para embelezamento; para se protegerem dos raios solares e para se protegerem contra picadas de insetos.
              Os corantes naturais são todos os compostos orgânicos que têm a capacidade de absorver, seletivamente, a luz, adquirindo intensa coloração, que confere aos corpos aos quais se adere. Quimicamente, corantes são apenas substâncias capazes de colorir, de modo irreversível uma matriz. De todos os corantes naturais utilizados no mundo, cerca de 70% provêm da Bixina do urucum e 50% de todos os ingredientes naturais que têm função corante nos alimentos.

Por que colorir os alimentos?

De acordo com o pesquisador, por vários motivos:
 Restituir a aparência original do alimento, cuja cor foi afetada durante as etapas do processamento, estocagem, embalagem ou distribuição, o que poderia comprometer sua aceitação no momento do consumo;
 Tornar o alimento visualmente mais atraente, ajudando a identificar o aroma normalmente associado a determinados produtos e conferir cor àqueles descoloridos;
 Reforçar cores já presentes nos alimentos.
 A cor como um fator de escolha: é o primeiro quesito de qualidade do produto;
 Sugestões visuais permitem a identificação do alimento e por experiências anteriores evocam sensações sensoriais.
 A cor é a primeira característica de um alimento a ser observada;
 A cor pode indicar o aroma;
 A cor pode dar informação sobre a qualidade e estado do alimento;
 Da percepção humana, 87% são captados pela visão, 9% pela audição e as 4% restantes, pelo olfato, paladar e tato.

               Segundo Camilo Flamarion, o consumo crescente dos corantes naturais está sendo favorecido pela tendência ecológica, bem como, pela nova maneira de conceber os produtos industrializados, isentos de aditivos, principalmente nos alimentos, verificados em diferentes regiões do mundo. Dos carotenóides presentes nas sementes do urucum, 80% correspondem a Bixina, e sua concentração se altera com a cultivar, clima, solo e manejo. Os carotenóides são classes de moléculas oxidáveis, amarelas, alaranjadas ou vermelhas, lipossolúveis, comuns em vegetais e essenciais como precursores da síntese da vitamina A em animais.

A Bixina na indústria

Compram sementes de urucum (kg)
R$ 0,80 a R$ 1,00/Ponto de Bixina

Vendem Bixina cristalizada (90%)  corantes especiais
Kg= R$ 300,00

Vendem concentrado (%) de Bixina pó/kg/produto
60%= R$ 15,00        80%= R$ 20,00       100%= R$ 25,00

Vendem extrato oleoso (%) para colorífico/litro
5%=  R$ 13,00           8%= R$ 20,00          10%= R$ 26,00

Fonte: Christian Hansen-SP, 2007.


Urucum na agroindústria

                Farmacêutica: De acordo com o pesquisador, o urucum é utilizado como detector do Câncer de Mama, no fabrico de remédios contra febres e gripes, queimaduras, tosses e asmas, cápsula para bronzeamento, clareamento dental. Também é encontrado como antioxidante: Geranilgeraniol e Tocotrienois - bloqueia o efeito danoso dos radicais livres e são os responsáveis pelo retardamento do envelhecimento das células.
               Têxtil: No tingimento de tecidos – tintas e verniz.
               Cosméticos: É utilizado na produção de shampoos, condicionadores, delineadores líqüidos, esmaltes, sombras, bronzeadores, corretivo maquiagem, base líqüida, contorno para lábios, tintura para cabelos, rímel, lápis olho, perfumes, etc.
                Alimentos: Na produção de margarinas, lingüiças, salsichas, manteigas, queijos, queijo do reino, sorvetes, doces, recheios, molhos, sopas, temperos, bombons, salames, recheios de biscoitos, produtos de panificação, hambúrgueres, massas, iogurtes, sobremesas em pó, cereais, queijo processado light, cereais em barra, sorvete light.

A produção de urucum

 No Mundo: 17.500 t /ano;
 América Latina: 15.000 t (3.000 t) (Peru, Bolívia e Argentina);
 Brasil : 12.000 t/ano;
 África: 1.400 t/ano;
 Ásia: 1.100 t/ano;
 78.2% da produção do urucum no Nordeste brasileiro são oriundos da agricultura familiar.


Outras informações importantes:

 O mercado brasileiro envolve cerca de 1,5 milhões de pessoas na produção do urucum, sobretudo no fabrico do colorífico;
 O colorífico é consumido por mais de 150 milhões de brasileiros;
 Em algumas regiões do Brasil, seu consumo supera 500 g per capita.

               O pesquisador faz um alerta: “Cultivar urucum é uma boa opção, desde que o produtor rural seja receptível às tecnologias, a exemplo da utilização do consórcio, elegendo a cultura certa, que favoreça ao incremento da renda líqüida”, diz Flamarion.
Segundo o pesquisador, existem grandes plantios de urucum no Brasil, utilizando tecnologia avançada, mas essa cultura é explorada, na maioria dos casos, por pequenos e médios produtores.  
A produção de urucum na região Sul do Brasil, tem como referência o estado do Paraná. Na região Sudeste, São Paulo é considerado o de maior área plantada e de produção. Nessas duas regiões o cultivo do urucum teve início na década de 1980. Atualmente, nesses estados, o maior percentual de produção com o urucum é oriundo da agricultura familiar.

Minas: mercado está aberto para o urucum
                De acordo com o pesquisador, Minas está despertando para o agronegócio do urucum. Camilo Flamarion já foi chamado para falar sobre o produto em alguns municípios mineiros . “O estado como um todo não poderá ser diferente dos demais, pois é visível o crescimento - até assustador - do uso dos corantes naturais em vários segmentos das indústrias: têxteis, farmacológica de alimentos, cosméticos. Portanto, Minas tem grande potencial para produção e consumo de urucum”, diz. Além disto, há só  no estado de São Paulo 35 indústrias extratoras de Bixina, que compram praticamente toda a produção nacional. A demanda por urucum é crescente não só no Brasil, como no mundo todo por conta da posição da Organização Mundial de Saúde (OMS) que impede ou limita o uso dos corantes sintéticos principalmente nos alimentos, porque são cancerígenos”, esclarece Dr. Flamarion.











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