Início das atividades do Ceditac marca retomada da produção de algodão no Norte de Minas

Catuti, no Norte de Minas, com cerca de 4 mil habitantes, está no centro do começo de uma nova etapa para o cultivo de algodão na região. Autoridades e produtores se reuniram nesta quarta-feira (28), para conhecer as instalações do Centro de Difusão de Tecnologia Algodoeira de Catuti (Ceditac), onde está instalada uma usina de beneficiamento do algodão.
E para coroar ainda mais o impulsionamento da cultura, a cidade recebeu o Dia de Campo do Algodão, uma ação apoiada pelo Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas), da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) que faz parte de um roteiro técnico da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa). O evento reuniu cerca de 300 pessoas para discutir os avanços da produção algodoeira, apresentar novas tecnologias e mostrar que o algodão voltou a ser um bom negócio, especialmente para os agricultores familiares.
Esse é o caso de Custódio Martins, de 69 anos, produtor rural de Catuti, que trabalha com algodão desde os nove anos e conta como é bom ver a plantação florindo novamente. “Aprendi com meu pai e cultivamos algodão desde sempre. Durante quase vinte anos precisamos parar, mas agora, com novas tecnologias, acompanhamento técnico e parceiros, voltei a produzir.”

Retomada com eficiência
A produção de algodão nessa região enfrentou um colapso nos anos 1990, com a ação de pragas e doenças, principalmente o Bicudo do Algodoeiro. Com a chegada do Proalminas, no entanto, vieram tecnologias que permitiram um verdadeiro ‘renascimento’ da atividade.
De acordo com a Fundação João Pinheiro, entre 2011 e 2020, mesmo com a redução de quase 70% da área plantada, o rendimento médio das lavouras aumentou em 500%.
“Estamos retomando a produção algodoeira no Norte de Minas, que tem vocação com esse cultivo. A Secretaria de Agricultura, por meio do Proalminas, investe e incentiva o produtor que gera emprego e renda.” Reforça o Secretário de Agricultura, Thales Fernandes.

E justamente para alavancar ainda mais a produtividade do algodão na região, está em fase final de testes a usina de beneficiamento de algodão. Com investimento de R$ 2,4 milhões do Fundo Algominas, do Proalminas, o espaço conta com equipamentos para armazenamento, descaroçamento e prensagem. Tem ainda salas para atender às demandas dos produtores e receber missões internacionais.
No auge da atividade, terá capacidade de processar quatro fardos de 200 quilos de algodão por hora, com capacidade para receber a produção de uma área de aproximadamente 800 hectares.

Feliciano Nogueira, Superintendente de Inovação e Economia Agropecuária e Coordenador do Proalminas, reitera que “o Ceditac vai ser um divisor de águas principalmente para a agricultura familiar e o pequeno produtor. Vai ampliar a produção e a geração de renda para essas famílias e, consequentemente, para toda a região.”
Crescimento
No mesmo ano em que o Brasil ultrapassa os Estados Unidos e se torna o maior produtor mundial de algodão, o estado prevê produção recorde: 190,2 mil toneladas de algodão em caroço e 78 mil toneladas em pluma na safra 2024/2025, segundo dados da Conab.
Mais do que quantidade, o estado se destaca pela qualidade da fibra, com desempenho acima da média nacional em comprimento, espessura e resistência. Essas características são fundamentais para a competitividade no mercado têxtil.
Investimentos
Entre 2019 e 2024, o Governo de Minas investiu R$ 12,8 milhões na cadeia produtiva por meio do Proalminas e do Fundo Algominas. Os recursos são aplicados em pesquisa, eventos técnicos, capacitação, controle de pragas e no estímulo à adoção de boas práticas agrícolas.
No Norte de Minas, os agricultores familiares encontram no Proalminas uma alternativa econômica vantajosa. Ao vender sua produção para o mercado interno por meio do programa, o produtor recebe um bônus de 7,85%, além de contar com a segurança de comercialização garantida pela indústria têxtil local, que se compromete a consumir 100% da produção.
Jornalista responsável: Josiane Gonçalves
Edição: Maria Teresa Leal
Fotos: Diego Vargas/Seapa