Olivicultura mineira projeta safra recorde para 2026
A olivicultura mineira prepara-se para a colheita de azeite, que começa na virada do ano em algumas regiões. A expectativa para 2026 é considerada uma das melhores da história recente do setor, impulsionada por condições climáticas muito favoráveis registradas ao longo de 2025. Nesse contexto de otimismo, a Câmara Técnica Setorial da Olivicultura, da Secretaria de Estado de Agricultura, completou um ano de existência e reuniu ontem (4/12), com a participação de produtores, técnicos e representantes do governo na sede da Epamig, em Belo Horizonte.
A projeção é de que a safra de 2026 supere a colheita do ano anterior, marcada por 60 mil litros do óleo, um número aquém do esperado em função das más condições climáticas de 2024. Agora, as oliveiras já estão carregadas e o desenvolvimento uniforme dos frutos acendem a expectativa de um desempenho mais próximo ao recorde da Serra da Mantiqueira, registrado em 2024, quando a produção alcançou cerca de 150 mil litros de azeite extravirgem.
O coordenador da Câmara e presidente da Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira, Moacir Batista Nascimento, reforçou que o clima favoreceu todas as etapas do ciclo produtivo. “2025 foi um ano excelente. As condições climáticas foram extremamente favoráveis: horas de frio, chuva no momento certo, florada intensa. As plantas estão muito carregadas, e a expectativa é de uma safra muito superior à do ano passado. Ainda não sabemos se vamos bater o recorde de 2024, mas vamos superar 2025 com certeza”, afirmou.
Produtores se preparam para iniciar a colheita
Em algumas áreas da Mantiqueira, já é possível observar frutos maduros a partir da segunda quinzena de janeiro. O pico ocorre em fevereiro, estendendo-se até março e, nas altitudes mais elevadas, chega a avançar até abril. “Os produtores já estão se preparando. Logo na virada do ano tudo precisa estar pronto para o início da colheita e para os lagares começarem a receber as azeitonas”, explicou Moacir.
Minas Gerais reúne aproximadamente 150 olivicultores, podendo chegar a 200 quando considerados produtores do Sudeste. Cerca de 65% estão no Sul de Minas, na Serra da Mantiqueira, região de altitude elevada e temperaturas frias, condições essenciais para a floração da oliveira.
Reunião presencial celebra primeiro ano da Câmara
Em meio a essa projeção positiva da safra, o setor comemora o primeiro aniversário da Câmara Técnica Setorial da Olivicultura, criada em novembro de 2024, dentro do Conselho Estadual de Política Agrícola (Cepa). A reunião presencial, primeira desde a criação do grupo, simbolizou uma consolidação importante na governança da olivicultura mineira.
Para Moacir, a criação da Câmara foi decisiva para aproximar produtores e Estado: “A Câmara Técnica foi uma conquista para a olivicultura mineira. Conseguimos sentar junto com os órgãos públicos para discutir os problemas e as soluções para o setor. Foi um ano muito positivo e de consolidação.” O coordenador da Câmara também projetou um futuro acelerado para o setor: “2026 vai ser um ano muito positivo. Uma produção elevada movimenta toda a cadeia e faz com que os órgãos do Estado participem mais, gerando avanços em legislação, apoio e políticas para a atividade.”
Para a diretora de comercialização e mercados da Seapa, Sandra Carvalho, "o primeiro ano foi de diagnóstico, ouvindo produtores e instituições sobre as demandas da olivicultura. Agora, o desafio é unir esforços para transformar pesquisas e iniciativas em soluções concretas, promovendo articulação entre diferentes instituições e fortalecendo o setor."
Desafios de custo e características da produção mineira
Ao contrário do Rio Grande do Sul, que lidera o país com grandes propriedades e áreas planas, Minas Gerais tem produção pulverizada em pequenos e médios olivais, em terrenos inclinados e de difícil mecanização. Isso eleva o custo de produção e explica porque o azeite artesanal mineiro chega ao mercado entre R$ 80 e R$ 120 a garrafa de 250 ml.
Ainda assim, o valor agregado acompanha a qualidade, como destacou Nascimento:
“Nosso custo é maior porque quase tudo é manual. Mas o padrão de qualidade é altíssimo. Quem participa de uma degustação, como a realizada hoje, percebe isso claramente.”
O Brasil consome cerca de 100 milhões de litros de azeite por ano, mas produz menos de 1%. Ainda que a produção nacional tenha peso pequeno no preço da prateleira, o mercado de azeites artesanais mineiros cresce, impulsionado por qualidade, origem e turismo gastronômico.
Jornalista responsável: Josiane Gonçalves
Fotos: Divulgação/Epamig