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Pimenta com pesquisa fortalece agricultura familiar

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Minas Gerais vai produzir cerca de 1,5 mil toneladas de pimenta, em 2008, repetindo o resultado do ano passado. O Estado é o maior produtor brasileiro de pimenta malagueta, com plantios concentrados na Zona da Mata, onde a  área plantada é da ordem de 40 hectares e produção estimada é de 180,5 toneladas anuais. A Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig), vinculada à Secretaria da Agricultura, desenvolve trabalhos para dar condições aos produtores de obter melhores resultados com a exploração dessa cultura.

A coordenadora de pesquisas Cleide Maria Ferreira Pinto, do Centro Tecnológico da Epamig na Zona da Mata, em Viçosa, diz que a pimenta é uma das culturas que mais oferecem possibilidades aos agricultores familiares, entre outros fatores porque nas áreas de plantio predomina a utilização de mão-de-obra. “Em Minas Gerais, estima-se que cada hectare cultivado de pimenta malagueta gere de quatro a cinco postos de trabalho apenas durante o processo produtivo”, ela explica. “Além disso, os produtores aumentam a quantidade de mão-de-obra na colheita, que é a fase da cultura que absorve maior quantidade de serviços temporários”.

De acordo com Cleide Ferreira, “em geral, os processos produtivos são desenvolvidos com especificações técnicas simples e os custos de produção são baixos, quando comparados com os de outras hortaliças”. A pesquisadora diz que, no total dos custos operacionais da produção, os insumos participam com pouco mais de 20% no primeiro ano e cerca de 15% no segundo ano de cultivo. “Neste grupo pesaram mais os adubos químicos com custos de produção da ordem de 8,2% do total. No segundo ano o produtor costuma renovar o pimental utilizando somente pequenas quantidades de adubos químicos, de inseticidas (1,07%) e fungicidas (1,2%). Assim, neste período os custos caem bastante, garantindo um retorno ao produtor da ordem de 90% contra cerca de 80% no primeiro ano”.

Esses fatores, segundo a pesquisadora, mostram que a produção de pimenta é das mais indicadas para a agricultura familiar, e ela acrescenta que existe a garantia de demanda do produto, que tem diversas aplicações culinárias, industriais, medicinais e ornamentais.

Suporte da pesquisa

Para aumentar as possibilidades de exploração da pimenta, sobretudo pelos agricultores familiares, a Epamig vem desenvolvendo pesquisas nessa área desde 1997, na Fazenda Experimental de Leopoldina e Oratórios. Segundo Cleide Ferreira Pinto, dos estudos resultou a indicação do sistema de bandejas de isopor para o cultivo de mudas, que possibilita plantas com maior número de raízes secundárias. “Essas raízes facilitam o pegamento no campo”, ela explica. “As pesquisas com adubos, que devem ser utilizados  com orientação de agrônomo com base em análise do solo, possibilitam crescimento às plantas com acréscimo de até 2.500 quilos por hectare de frutos de pimenta em relação aos plantios sem a utilização de micronutrientes”, informa a coordenadora.  

De acordo com Cleide Ferreira Pinto, os produtores que só tinham conhecimento da pimenta malagueta passaram a plantar outros tipos de fruto divulgados em dias de campo e nos encontros técnicos realizados pela Epamig, em conjunto com a Emater-MG.

Também sob a coordenação da pesquisadora, a Epamig introduziu o sistema integrado de produção de pimenta malagueta para a agricultura familiar na Zona da Mata Mineira.

Nesse projeto, a Epamig desenvolveu estudos sobre técnicas de produção de mudas, adubação mineral e densidade de plantas. Os pesquisadores estudaram os efeitos da consorciação e fertilidade sobre a produtividade de pimenta e desenvolveram estratégias para manejo ecológico de pragas, doenças e plantas daninhas na cultura. Também analisaram o uso alternativo da água residual da suinocultura em pimenta malagueta. “O resultado dos experimentos foi o de que a água residuária de suinocultura proporcionou aumento de 30% na produção de pimenta em relação à água pura”, assinala a pesquisadora.

Os estudos da Epamig resultaram em 42 grupos de pimentas, com genética variada. Os técnicos estudaram também a ação das plantas daninhas, indicando novos meios de ataque aos pulgões. Houve ainda a indicação de produtos para o controle de doenças como o ácaro branco, com produtos alternativos. “Atualmente, estamos desenvolvendo, junto com a Universidade Federal de Viçosa, trabalhos de controle alternativo de doenças da pimenta e técnicas de cultivo de pimentas ornamentais comestíveis”, acrescenta Cleide Ferreira Pinto.  

A produtividade média da pimenta na Zona da Mata, de aproximadamente 5 mil quilos por hectare, pode ser melhorada com a redução dos problemas fitossanitários. Segundo a pesquisadora, a Epamig vem realizando estudos também nessa área. Há ainda estudos para avaliar as características química e sensorial e o potencial da pimenta no processamento de conservas e geléias, como estudos para caracterizar os frutos pelo sabor.

Produto de exportação  

O mercado para as pimentas nas formas processadas é explorado, em grande parte, por  empresas familiares. Essas oferecem o produto em conserva, em garrafas de vidro e  comercializam diretamente para os consumidores em feiras-livres, pequenos estabelecimentos comerciais e atacadistas. As empresas de porte médio, em geral, têm vários tipos de produtos, como conservas, molhos, geléias, conservas ornamentais, entre outros, que são comercializadas em supermercados, mercearias especializadas, lojas de conveniência e de produtos importados, “delikatessens” e até em lojas de decoração.

Grandes empresas especializam-se no processamento de determinados produtos, como pimenta moída, na forma de molho e pimentões para atender inclusive ao mercado internacional. Minas Gerais exportou, no ano passado, cerca de 7,6 mil toneladas de pimenta, alcançando a receita de US$ 23,3 milhões, e no acumulado de janeiro a julho de 2008 o Estado exportou cerca de 5 mil toneladas, movimentando cerca de US$ 15 milhões. Os números são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e foram organizados pela Superintendência de Política e Economia Agrícola da Secretaria da Agricultura de Minas Gerais.  

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