Minas consolida liderança na produção de batata
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Minas Gerais produziu, de janeiro a julho deste ano, 1,3 milhão de toneladas de batata, destinada principalmente para o consumo tradicional, por meio da cozinha doméstica ou da cozinha industrial. Este volume é quase 14% superior ao do mesmo período de 2006, quando a produção foi de 994.131 toneladas. Estes números foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e consolidam a posição do Estado como o maior produtor de batatas do país.
O levantamento mostra também crescimento da área plantada e aumento do rendimento da cultura por hectare. Segundo o IBGE, a área da batata no Estado teve crescimento de cerca de 11%, pois nos primeiros sete meses do ano passado eram 36.748 hectares, e neste ano subiu, são 40.791 hectares. O rendimento médio, ou produtividade, subiu de 27.053 kg/ha para 27.690, uma evolução de quase 2,5%.
Esses resultados foram obtidos porque os produtores mineiros – cerca de 40 mil, a maioria de pequeno porte – plantaram sob o estímulo da boa cotação obtida pela batata na safra de 2005. “Por isso, os agricultores investiram em boas sementes, adubos e fertilizantes para os plantios deste ano”, informa em Pouso Alegre o secretário da Associação dos Bataticultores do Sul de Minas (Abasmig), José Daniel Rodrigues Ribeiro.
“Ao comercializar o produto no primeiro semestre deste ano, os agricultores já sentiram os efeitos do aumento de oferta do tubérculo. A safra das águas foi vendida a preços muito baixos e o mercado só melhorou para os bataticultores a partir de junho, quando a oferta já estava bastante reduzida”, ele explica.
A batata está cotada entre R$ 22,00 e R$ 25,00 a saca de 50 quilos, acrescenta Ribeiro. No segundo semestre do ano passado, os preços da saca estavam entre R$ 8,00 e R$ 15,00, portanto o mercado depois de junho pode ser considerado remunerador para os produtores que plantam em terra própria e não dependem de máquinas alugadas, entre outros ônus. “Para que a cotação seja mantida, os agricultores esperam que não se repita, por exemplo, uma entrada de grande volume de batatas procedentes de Vargem Grande do Sul, em São Paulo, cuja colheita ainda não começou. O produto desse município é um dos grandes concorrentes da batata do Sul de Minas.
Segundo o secretário da Abasmig, a entidade identificou a tendência de redução da área de cultivo da batata para a próxima safra que está sendo plantada no Sul de Minas, porque os produtores ainda se lembram das dificuldades de mercado do início do ano e o clima seco também não colabora. “O recurso que os agricultores podem utilizar agora é reduzir a oferta para garantir a venda da batata com preço mais remunerador”, diz Ribeiro.
Apesar das oscilações do mercado, os produtores acreditam numa mudança deste quadro porque está crescendo o número de pequenas fábricas de processamento de batata no Estado. Ribeiro diz que essas fábricas são a melhor alternativa, atualmente, para ajudar a absorver as grandes safras com preço compensador para os agricultores. “Melhor seria que os produtores constituíssem cooperativas para fazer o processamento, mas isso depende de um trabalho educativo de longo prazo”, enfatiza.
No Sul de Minas há mais de 60 pequenas indústrias processadoras de batata. O secretário da Abasmig informa que o município de Ipuiuna, apontado pelo IBGE como o segundo maior produtor do Estado, com 75,5 mil toneladas no acumulado de janeiro a junho deste ano, conta com oito empresas.
De acordo com o secretário da Abasmig, todos os municípios produtores de batata dependem muito da industrialização. “Por isso, os agricultores sempre ficam mais estimulados com a implantação de novas empresas e também com a organização do processo de gestão das indústrias já existentes.” O secretário da Abasmig calcula que dentro de cinco anos as pequenas indústrias poderão alcançar um alto nível de organização, e os bataticultores participam dessa mobilização. “A integração de empresas e agricultores resultará em desenvolvimento econômico e social”, diz.
Geração de emprego e renda
“A bataticultura no Sul de Minas responde atualmente por 80 mil empregos diretos e 40 mil indiretos, um nível de ocupação não igualado por muitas indústrias”, acrescenta o secretário da Abasmig. “O conjunto das pequenas processadoras tem um papel indispensável para que a produção continue aumentando e gerando mais empregos, sobretudo no Sul de Minas, que lidera a produção estadual”. A região teve uma safra de 578.899 toneladas nos sete primeiros meses de 2007, alcançando 51,29%, enquanto o Alto Paranaíba ficou com 38,48%, o Triângulo com 5,82% e o restante distribuído pelas regiões Central, Centro Oeste e Zona da Mata.
Com o desenvolvimento da industrialização da batata, os agricultores estão buscando uma produção diferenciada, a fim de atender a demandas específicas, pois existe uma grande diversidade de alimentos à base de batata. Assim eles estão ajustando também sua produção para atender inclusive à demanda de grandes indústrias que se instalarem na região. A Yoki Alimentos é uma das promessas, com planos para iniciar atividades em Pouso Alegre por volta de 2011. O consultor do projeto, Dino Franciscato, informa que a indústria deverá adquirir batata para produzir chips e flocos. Para o secretário da Abasmig, o projeto da Yoki será um importante reforço para a bataticultura da região porque a empresa é líder no mercado de chips, que têm crescimento de consumo da ordem de 5% ao ano no mercado brasileiro.
A maior indústria da batata em Minas, a Bem Brasil, um projeto da ordem de R$ 50 milhões, está localizada no município de Araxá e iniciou produção em novembro de 2006. Ela tem capacidade para processar, por hora, 6 toneladas de batatas de produção própria, transformando em batata palito congelada, que é embalada em 400, 500, 700 gramas e 2,5 kg.
Modernização da atividade
Para o coordenador estadual de Olericultura da Emater-MG – vinculada à Secretaria de Agricultura de Minas –, Georgeton Silveira, “o fornecimento de batata para as indústrias é uma boa alternativa, mas o ideal seria os produtores criarem cooperativas para fazer o processamento”. Ele explica que os bataticultores estão se organizando, mas ainda falta modernizar suas atividades para obter melhor retorno com a agregação de valor à batata.
Silveira diz que os produtores podem melhorar as condições de mercado para a batata se fizerem o acompanhamento de safra para a cultura. “O Centro de Inteligência da Batata (CIB), criado pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais em parceria com a Universidade Federal de Lavras (Ufla), está desenvolvendo uma metodologia que servirá de base para os bataticultores fazerem esse acompanhamento, com estimativas de área, produção e rendimento médio, desde a fase de intenção de plantio até o final da colheita.
Sérgio Carvalho, coordenador estadual de Horticultura da Emater-MG, destaca a importância econômica e social da bataticultura como justificava para a existência do Centro de Inteligência da Batata. “A área plantada de batata está espalhada por 90 municípios mineiros e metade da produção estadual está concentrada em apenas dez deles. Um pequeno grupo de produtores, que utilizam recursos tecnológicos, responde pelo maior volume da produção, ou mais de 32% da safra brasileira de batata. De acordo com o levantamento feito pelo IBGE, destacam-se neste ano os municípios de Sacramento (Alto Paranaíba), Ipuiuna (Sul), Perdizes (Alto Paranaíba), Uberaba (Triângulo) e Santa Juliana (Alto Paranaíba).
O trabalho com o objetivo de organizar a produção para atender à demanda das indústrias vem sendo desenvolvido com o suporte do Centro de Inteligência da Batata, acrescenta. O Centro tem por objetivo dar informações técnicas, econômicas, sociais, culturais e outras de interesse do setor. Também faz o acompanhamento e análises conjunturais, identifica oportunidades e ameaças para o desenvolvimento da bataticultura, além de desenvolver estudos e projetos sobre questões e temas ligados à batata. As informações são transmitidas por meio do site http://www.cim-agro.com.br/cib/
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