Epamig estimula produção e consumo de alimentos da tradição popular

As hortaliças não convencionais, pertencentes ao grupo das plantas alimentícias não convencionais (PANC), estão voltando aos poucos aos pratos dos brasileiros depois de um tempo esquecidas nos cultivos comerciais. Ora-pro-nóbis, taioba, serralha, azedinha, chuchu-de-vento, bertalha, capiçoba, almeirão roxo, vinagreira, araruta, fisális. A lista é grande e a boa notícia é que, além de nutritivas, as hortaliças não convencionais são opções de renda extra para os agricultores familiares.
A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) atua no resgate e incentivo ao plantio e consumo dessas hortaliças desde 2009 com uma série de projetos nesse sentido. Um deles, o Feira com Ciência, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), e coordenado pela pesquisadora da empresa, Maria Regina de Miranda, estimula a troca de conhecimento entre as pessoas e alerta para a importância das hortaliças não convencionais na alimentação.
“Nosso objetivo é resgatar o uso de hortaliças não convencionais pela população. Nas nossas participações em eventos em municípios mineiros, notamos bastante interesse de produtores, professores, estudantes e empresários por introduzir essas hortaliças em seus quintais ou propriedades”, afirma Maria Regina.
Como parte do projeto Feira com Ciência, a Epamig participou de feiras livres no municípios mineiros de Viçosa e Oratórios. Nas feiras, a empresa faz exposições das hortaliças não convencionais, distribui sementes, mudas, publicações técnicas e, sobretudo, estimula a troca de conhecimentos com a população.
Na última sexta-feira (13), o projeto esteve no 15º Dia de Campo de olivicultura em Maria da Fé (MG). A pesquisadora da Epamig, Izabel Cristina dos Santos, que também integra o projeto, disse que cedeu para o Campo Experimental da empresa no município mudas e sementes de hortaliças não convencionais para a criação de uma coleção dessas hortaliças no Sul do estado.
Segundo a organização do evento, mais de 100 pessoas visitaram o estande das hortaliças não convencionais.“Alguns produtores rurais vieram trocar informações preciosas com a gente, enquanto moradores locais forneceram materiais que ainda não tínhamos na nossa coleção. Esses momentos são muito importantes”, enfatiza Maria Regina.
Izabel Cristina explica que os materiais distribuídos para incentivar o cultivo das hortaliças não convencionais em Minas Gerais são provenientes de bancos localizados nos Campos Experimentais da empresa nos municípios de São João del-Rei, Prudente de Moraes e Oratórios.
Além de realizar palestras, demonstrações práticas, participar de feiras e receber visitantes, a Epamig tem disponibilizado publicações online gratuitas com orientações técnicas para cultivo das hortaliças. O conteúdo das publicações é fruto de experiências dos pesquisadores e do resultado de pesquisas realizadas na empresa. Recentemente, a EPAMIG publicou cartilhas sobre cultivo de araruta, vinagreira, ora-pro-nóbis e fisális. Os downloads são gratuitos. Veja abaixo.
Araruta
A araruta é uma planta brasileira, bastante rústica e de fácil implantação. Do rizoma da araruta extrai-se o polvilho ou fécula, que substitui a farinha de trigo e o amido de milho no preparo de biscoitos, bolos, brevidades, sequilhos, mingaus e caldos, com a vantagem de não conter glúten. Essa cultura perene que se adapta bem a regiões de clima seco e úmido, com temperatura média mensal superior a 20ºC.
Fisális
A pequena fruta exótica de cor alaranjada também é considerada um alimento não convencional. Endêmica da América do Sul, o fisális pertence à família Solanaceae, a mesma da batata, tomate, pimenta e jurubeba.
Pesquisadores da Epamig vêm observando aumento do interesse de plantio de fisális em Minas Gerais, sobretudo na região Sul do estado. Uma vez que a maior parte do fisális comercializado no Brasil é importada e vendida a preços altos, a difusão e o plantio do pequeno fruto em Minas é uma oportunidade para o produtor rural abastecer o mercado interno e gerar renda.
Ora-pro-nóbis
Há relatos de que o ora-pro-nóbis foi introduzido no Brasil por escravos africanos que cultivavam a planta como alternativa de alimento em áreas menos produtivas das fazendas. Com o tempo, o ora-pro-nóbis foi incorporado à culinária mineira. Hoje, os pratos com a iguaria já são mais diversificados e estão presentes em festivais gastronômicos e circuitos turísticos.
As folhas de ora-pro-nóbis são macias, carnosas e usadas no preparo de sopas, sucos, pães, tortas e omeletes. O prato mais tradicional feito com ora-pro-nóbis é o guisado servido com angu, comida tipicamente mineira, cujo paladar é semelhante ao do quiabo.
O produto obtido da secagem e moagem das folhas de ora-pro-nóbis pode ser incorporado em massas de bolos, macarrão e pães para incrementar o valor nutritivo dos alimentos. Além disso, as pétalas das flores também são comestíveis, e os frutos maduros podem ser utilizados para preparar sucos e geleias.
Vinagreira
A vinagreira, popularmente conhecida como hibisco, quiabo-roxo e groselha, pode ser usada como hortaliça, planta medicinal ou ornamental. As folhas de vinagreira são ricas em vitaminas A e B1, sais minerais e aminoácidos. Por possuir alto teor de constituintes com atividade antioxidante, a vinagreira é considerada um alimento bastante funcional.
Bruno Menezes - Ascom/Epamig
Foto: Bruno Menezes/Epamig