Cultura do morango em Minas completa 50 anos

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Cultura do morango em Minas completa 50 anos

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Cinqüenta anos depois do plantio das primeiras mudas de morango, em Minas Gerais, a produção no Estado não se restringe mais aos campos da região Sul e de outras onde predominam as baixas temperaturas. As plantações nos municípios do semi-árido também aumentam, garantindo renda principalmente para os agricultores familiares. De acordo com levantamentos da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a área cultivada em Minas, nos últimos dezoito anos, saltou de 172 hectares para 1,6 mil hectares, expansão de cerca de 49% ao ano.  

Segundo o coordenador estadual de Olericultura da Emater-MG, Sérgio Pereira de Carvalho, a atividade, em todas as suas cadeias, emprega cerca de 30 mil pessoas no Estado. Os 4,7 mil produtores mineiros tiveram, em 2007, uma receita da ordem de R$ 200 milhões, com a comercialização de 96 toneladas, ou 59% da safra nacional.

O custo de produção em Minas, de acordo com Carvalho, foi de cerca de R$ 112 milhões, com destaque para os investimentos em sementes, mão-de-obra, correção do solo, adubação e embalagem. Ele estima que os números da safra no Estado serão mantidos em 2008.


Meio século de história

O morango começou sua trajetória de sucesso nos campos de Minas em 1958, quando os produtores de hortaliças da comunidade de Ribeirão das Pedras, no município de Estiva, no Sul do Estado, plantaram as primeiras mudas que trouxeram de São Paulo.“O pioneirismo é atribuído ao produtor Nivaldo dos Santos, que depois foi seguido por agricultores das comunidades rurais de Vale do Rio do Peixe, no município de Cambuí, e de Cruz Alta, no município de Pouso Alegre”, diz o coordenador.

Carvalho acrescenta que o Sul de Minas, tendo como pólo o município de Pouso Alegre, continua respondendo pelo maior volume de produção, cerca de 86,5 toneladas anuais, mas a cultura alcança também a região Central e está crescendo no Norte de Minas, Jequitinhonha, Triângulo, Alto Paranaíba e Zona da Mata. Para o extensionista, uma das explicações para o avanço da produção de morango em Minas é a introdução de novas variedades, que se adaptam às diversidades regionais. Ele diz que no início da década de 70, quando começou a trabalhar com essa cultura na região de Pouso Alegre, os produtores contavam com apenas duas cultivares. “Nessa época, um dos problemas era o pouco crescimento da planta. Atualmente podemos utilizar mais de dez cultivares, que atendem à produção em climas variados, garantindo bom desenvolvimento e frutos de qualidade.”

Pesquisa em novas áreas

A pesquisa do morango, no Estado, ganhou força nos últimos anos com o aumento do número de especialistas voltados para o segmento. Carvalho diz que aumentou também o volume de projetos com destinação específica para a cultura.  A Epamig – vinculada como a Emater-MG à Secretaria da Agricultura – desenvolve trabalhos nessa área nos seus Centros de Caldas, Sul de Minas, e de Nova Porteirinha/Janaúba, na região norte do Estado. As novas cultivares, com características próprias para o plantio nas diferentes regiões, fortalecem a produção em mais de 30 municípios mineiros. Atualmente, a produtividade média por hectare é de 60 mil a 120 mil quilos, em comparação com os 18 mil quilos obtidos nos primeiros anos de  plantio no Estado.    

No Norte de Minas os produtores de morango são, em sua maioria, agricultores familiares e cultivam o fruto para atender principalmente às indústrias de polpa, iogurte e geléia. Para as empresas também é vantajoso comprar o produto local,  porque os preços são mais baixos que os cobrados por produtores de outras regiões.

Um programa desenvolvido na Fazenda Experimental da Epamig em Nova Porteirinha resultou no morango orgânico, que pode ser cultivado sem a utilização de produtos químicos. Para o coordenador dos trabalhos, Mário Sérgio Dias, a alta temperatura e a baixa umidade do Norte de Minas impedem a manifestação de pragas e doenças nos campos de morango. Esse diferencial torna o morango da região mais competitivo”, observa. “O cultivo do morango no Norte do Estado cumpre também uma função social e essa nova alternativa estimula o crescimento da agricultura familiar.

Dias acrescenta que a produtividade de mudas de excelente qualidade na fazenda experimental é alta. “Com apoio da Fapemig, foram avaliadas variedades que possibilitam, a produtividade de 50 a 60 toneladas por hectare nos campos experimentais, em comparação com a média nacional, que é da ordem de 30 toneladas por hectare”, ele explica. O próximo passo será uma avaliação dos resultados das mudas em áreas do Sul do Estado.  


Atividade manual  

O trabalho manual é predominante na produção de morango, o que exige maiores cuidados para a manutenção da qualidade do produto e a segurança alimentar. Na colheita, o trabalhador usa a unha do polegar para fazer um corte no pedúnculo ou cabinho do morango, e assim destaca o fruto da planta.  O ponto alto da colheita é agosto; portanto, na maioria das regiões, a safra se encaminha para o pico, mas os trabalhos podem se estender até dezembro. De janeiro a maio será feito novo plantio nas regiões frias. “Nas demais regiões, a época recomendada é de abril a maio, e nos locais com altitude acima de mil metros, algumas  cultivares podem ser plantadas até setembro”, destaca o pesquisador da Epamig. Ele explica que o morango é mais rico em vitamina C que a laranja, tem poucas calorias e elementos que podem prevenir o câncer e o envelhecimento precoce.


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