Arroz de sequeiro surpreende técnicos com produção de dez toneladas por hectare

Sete cultivares de arroz de sequeiro estão dando o que falar na Zona da Mata. É que técnicos da Emater-MG e pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) vêm desenvolvendo estudos para melhorar o manejo e a produtividade dessa modalidade de grão desde o final do ano passado. As cultivares foram implantadas em Unidades Demonstrativas nos municípios de Olaria, Lima Duarte e Santana do Garambéu e os resultados superaram as expectativas. A projeção era de que elas produzissem, aproximadamente, 3 toneladas por hectare, mas todas as cultivares testadas ultrapassaram 5 toneladas por hectare.
“O arroz Aromático, uma das cultivares testadas, atingiu cerca de 8,15 toneladas por hectare, enquanto a cultivar CMG 1590 alcançou 10 toneladas. Em contrapartida, a variedade crioula, cultivada tradicionalmente na região, teve um rendimento significativamente menor de apenas 1,2 tonelada por hectare”, disse o coordenador regional de Culturas da Unidade Regional da Emater em Juiz de Fora, Marco Aurélio Moreira.
A pesquisadora da Epamig, Janine Guedes, ressaltou a importância da parceria entre as instituições para fortalecer a agricultura familiar. “Essa parceria foi fundamental porque visou exclusivamente os produtores. Quando a Epamig entra com a pesquisa, a Emater entra com a extensão, a universidade entra com os recursos humanos e a prefeitura com o incentivo e apoio, beneficia muito os produtores. Pesquisa e extensão juntas são capazes de fortalecer muito a agricultura familiar”, destacou.
Resultados animam
As unidades demonstrativas foram implementadas em parceria com a Emater-MG, Epamig, Universidade Federal de Lavras (Ufla) e prefeituras. Cada uma possui 500 m² para o cultivo das variedades de arroz AN Cambará, CMG 1590, A502, A503, Caçula, Aromático e Elite.
Em Olaria, cerca de 40 pessoas visitaram a propriedade de Vicentina Benta Silva de Oliveira, onde fica uma das unidades demonstrativas. “No começo, achei que não ia dar nada, mas, no final, vi que o resultado foi muito bom. Agora quero plantar muito mais”, contou. Vicentina planeja plantar arroz este ano para comercializar no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e em feiras livres.
Na unidade demonstrativa implantada em Santana do Garambéu, uma das localidades mais elevadas da região, ocorreu maior incidência de grãos com qualidade inferior devido à variação térmica. Entre as cultivares testadas, a CMG 1590 se destacou como a mais resistente.
Apesar dos bons resultados, alguns desafios foram observados. Em Lima Duarte houve invasão de capivaras em uma das unidades implantadas e danos causados por pássaros. No entanto, não ocorreram infestações graves de pragas ou doenças.
Metodologia
Para verificar a produtividade das cultivares, foi adotada uma metodologia específica durante a colheita. O processo envolveu a medição da área, a pesagem dos grãos e a aplicação de um fator de correção, que considerou a umidade elevada dos grãos no momento da colheita e a presença de impurezas, como palha e pequenos galhos.
Projeto
A implantação das unidades demonstrativas na Zona da Mata faz parte do projeto "Expansão e fortalecimento da cadeia produtiva de arroz em Minas Gerais, com foco em sustentabilidade e segurança alimentar”. Conduzido pela Epamig, o projeto tem o objetivo de gerar, validar e transferir tecnologias para aumentar o cultivo do grão no estado.
A proposta foi aprovada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). O projeto, com duração de 48 meses, é coordenado pela pesquisadora Janine Guedes, conta com recursos de cerca de R$ 2 milhões e tem como foco principal foco a agricultura familiar.
Jornalista responsável: Sebastião Avelar - Ascom/Emater-MG
Edição: Janaína Rochido
Foto: Divulgação/Emater-MG e Ascom/EPAMIG