A macaúba foi um dos temas abordados no ciclo de eventos técnicos na Exposição Estadual

BELO HORIZONTE (03/06/2017) – Curiosidade, memória afetiva da fruta que se apanhava pelos campos na infância e interesse pelas alternativas econômicas que o fruto pode proporcionar. Todos esses motivos levaram os visitantes da 57ª Exposição Estadual Agropecuária para assistirem à palestra “Macaúba: potencial e perspectivas”. O encontro, realizado neste sábado, integra o ciclo de eventos técnicos que vem sendo realizados desde quinta-feira, no Parque da Gameleira.
Abundante no estado, a macaúba é uma palmeira nativa que tem “mil e uma utilidades”: o óleo do seu fruto - um pequeno coco - serve de matéria-prima para a produção de biodiesel e bioquerosene, mas todo o coco pode ser reaproveitado na fabricação de diversos produtos, como óleos, sabão, ração animal e até produtos alimentícios (sorvetes, bolos e quitandas, dentre outros). “Na minha região, no município de Bonfim, a macaúba nasce do nada. Se pudermos transformá-la em dinheiro não é má ideia”, afirma Augusto Monteiro, um dos participantes da palestra. Walter Salgado, produtor rural de Itapecerica, reforça o argumento e acrescenta: “estou aqui para conhecer um pouco mais sobre o beneficiamento de uma fruta que a molecada come a se fartar despreocupadamente”.
A idéia do beneficiamento não só é boa como é viável. Segundo o Coordenador de Agroenergia da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Kamil Cheab David Lopes, Minas tem ocorrência abundante de mata nativa de palmeiras de macaúba. Montes Claros (Território Norte) já tem um mercado estabelecido para seus subprodutos e, ainda assim, a região precisa importar a oleaginosa de São Paulo, pelo desconhecimento do potencial econômico da planta.
Durante a palestra também foram abordados os aspectos agronômicos do cultivo da macaúba (fornecimento de mudas, implantação da cultura, época e densidade do plantio, preparo do solo e tratos culturais). Também foi feita a apresentação do projeto do Governo de Minas, executado pela Secretaria de Agricultura, que incentiva o uso de tecnologias de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono no âmbito da agricultura familiar.
A utilização da macaúba como fonte produtora de energia renovável é regulamentada pelo Programa Nacional de Produção de Biodiesel e pela Lei Nº 19.485/2011 – Pró-Macaúba, que instituiu a política estadual de incentivo ao cultivo, à extração, à comercialização, ao consumo e à transformação da macaúba e das demais palmeiras oleaginosas.
Segundo o coordenador da Secretaria de Agricultura, já foram identificadas cinco microrregiões no estado com grande ocorrência de maciços naturais de macaúba. “Os próximos passos são o levantamento de dados de 38 municípios com potencial para o desenvolvimento da cadeia produtiva da oleaginosa, como a presença de indústria esmagadora, a logística e a facilidade de escoamento da produção; a seleção e a capacitação dos agricultores familiares interessados em participar do projeto e a implantação de 35 Unidades Técnicas de Demonstração, que são áreas de um hectare plantadas”.
Com recursos assegurados de aproximadamente R$ 870 mil, por meio de convênio com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário, do Governo Federal, o projeto vai disponibilizar mourões, adubo, mudas, todos os insumos necessários para a implantação dos macaubais. Na avaliação do coordenador, estas áreas de plantio experimental são fundamentais para a comprovação do potencial de cada localidade selecionada. “Essas iniciativas têm papel fundamental para destacar o potencial da macaúba no conjunto de matérias-primas para a produção de biodiesel no Brasil e dar maior visibilidade aos diversos produtos originados do seu processamento”.
Sobre a Macaúba
A macaúba é uma palmeira oleaginosa originária da América Tropical, distribuída desde a América Central até o Sul da América do Sul. No Brasil, a planta é encontrada nos biomas do Cerrado, Mata Atlântica, floresta Amazônica e Pantanal e se destaca pela rusticidade e produtividade, constituindo fonte promissora de óleo vegetal para a indústria de combustível, cosmética e alimentícia.