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Exportações beneficiam produtor de leite

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O leite produzido no Brasil está firmando presença no mercado internacional, apesar da queda do dólar em relação ao real. Segundo o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Gilman Viana, “a remuneração do produto nos mercados do mundo inteiro compensa a defasagem cambial, e há sinais muito fortes de que a fase de lucros para os exportadores, e principalmente para os produtores e demais componentes da cadeia do leite, está apenas começando”.



Segundo a Assessoria Especial do Leite da Secretaria, Minas Gerais tem uma produção média anual de cerca de 7 bilhões de litros, sendo de 3,5 bilhões de litros o excedente exportável. O preço ao produtor, no Estado, varia de R$ 0,60 a R$ 0,80 o litro e no atacado é cerca de R$ 1,70, informa o assessor Luiz Afonso Vaz de Oliveira. Já o custo médio de produção do leite nas propriedades de Minas  é de R$ 0,53.



Para o secretário Gilman Viana, “a valorização do produto é uma situação nova e poderá, enfim, preservar uma atividade que, em toda a sua história, destaca-se entre as mais prejudicadas da economia”.  Ele acrescenta que, por diversos fatores, os maiores compradores de leite poderão depender do produto originado de países como o Brasil. “O aumento das exportações gera um círculo positivo, possibilitando também o reajuste dos preços ao produtor no mercado interno”, explica Gilman Viana. “É isso que ocorre, e não cartéis do leite, como vem sendo denunciado porque os consumidores sentem, no supermercado, o impacto do reajuste de preços nas marcas em geral.”



Cartel é a dominação do mercado por um pequeno número de empresas do mesmo setor, que promovem acordos entre si para promover o controle de determinada oferta de produtos ou serviços. Segundo o secretário, este tipo de controle é impossível de ser feito pelos produtores de leite.  



O secretário assinala que as cadeias do leite estão apenas se beneficiando da lei da oferta e da procura. “Isso é muito raro no setor e até surpreendente, principalmente porque os preços alcançados atualmente  remuneram o produtor como em junho de 2005. Portanto, o que está ocorrendo, por enquanto, é recuperação de perdas. Agora podemos prever, na entressafra e na safra, a manutenção da margem de lucro desse setor, de fundamental importância econômica e social”, comemora Gilman Viana.  



“Isso quer dizer que os pecuaristas, por exemplo, terão condições permanentes de remuneração, inclusive para manter os investimentos em animais de qualidade, em programas de manejo e sanidade como também na gestão do próprio negócio e na remuneração de seus funcionários”, destaca o secretário. “Não se trata mais de uma situação passageira, vinculada à entressafra do leite, porque as exportações para mercados em condições de pagar preços remuneradores continuam firmes e aumentando, assim como aumenta o consumo interno.”  

Fenômenos climáticos
Um dos fatores favoráveis à entrada do leite do Brasil nos novos mercados é a grande seca que atinge a Nova Zelândia, um dos maiores exportadores mundiais, e também os problemas climáticos na Austrália, outro grande produtor daquele bloco. A  avaliação é  o empresário Eduardo Dessimone, coordenador da Câmara Técnica de Bovinocultura de Leite do Conselho Estadual de Política Agrícola (Cepa). “Abriu-se assim um grande espaço para a exportação do leite em pó, que passou a ser cotado em até US$ 5.400,00 a tonelada contra os US$ 1.800,00 a tonelada, pagos anteriormente”, ele explica.



Dessimone considera “gravíssima” a situação dos mercados tradicionais do leite, que por diversas razões estão reduzindo muito a oferta. “Países da Europa, por exemplo, reduziram os subsídios à produção interna de leite, desestimulando a oferta de volume excedente destinado à exportação. Os governos estão preocupados em diminuir o impacto da agricultura intensiva, e especialmente das criações, sobre o ambiente. O objetivo é controlar a emissão de carbono e a contaminação do lençol freático, entre outros problemas”, enfatiza o empresário.  Ele explica que a União Européia vai se limitar a produzir excedente de leite e de outros produtos da agricultura e da pecuária em volume que atenda preferencialmente aos países do leste do continente, onde o nível de renda está melhorando.



Com essa política, os países da Europa deixam  espaço em seus mercados para os produtos importados dos países do Terceiro Mundo.  Para o coordenador da Câmara Técnica de Leite, os europeus tiveram de rever suas restrições ao comércio de alimentos com países da América Latina, por exemplo, depois da ocorrência de doenças como a vaca louca e a febre aftosa nas propriedades da Europa. “Esses fatores fortalecem a posição do Brasil como grande exportador de produtos agropecuários de qualidade, portanto competitivos, com destaque para as carnes e agora o leite”, acrescenta.



Entre os mercados com grande potencial para absorver o leite produzido no Brasil, assim como a carne e outros anteriormente oferecidos pela Europa, estão aqueles que o bloco da Oceania não consegue mais atender. Segundo Dessimone, este país enfrenta há três anos grandes dificuldades climáticas e ainda sente os efeitos de incêndios e chuvas arrasadoras registrados neste ano. O empresário cita também a China, onde o nível de renda possibilita a criação de novos hábitos e a população acrescenta as proteínas animais à sua tradicional dieta de arroz. “Podemos imaginar o mercado que se abre com a inclusão, por menor que seja o volume por pessoa, de um novo tipo de alimento na mesa de mais de 1,3 bilhão de habitantes”, observa o empresário.



Segundo Dessimone, o mesmo efeito terá a inclusão de novos produtos na Índia, outro mercado que também apresenta aumento de renda e pode ser explorado pelos exportadores de leite do Brasil. Ele aponta ainda países da América Latina que desenvolvem programas sociais tendo o leite como um dos componentes mais fortes.

Levantamento da Câmara Técnica de Bovinocultura de Leite do Cepa as exportações de leite movimentam no mundo  40 bilhões de litros anuais e a produção mundial é de 600 bilhões de litros por ano. A redução da oferta em qualquer percentual compromete as exportações, e isso ocorre atualmente, abrindo espaços para o produto brasileiro. Dessimone explica que os exportadores vêm se preparando para explorar esses mercados desde 2003, quando as indústrias de leite em pó fizeram grandes investimentos, mas esbarraram em problemas cambiais e não havia ainda o quadro que atualmente possibilita apostar nas exportações, apesar do dólar fraco em relação ao real.





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