EPAMIG anuncia instalação de miniusina de laticínios em São João del-Rei
Projeto prevê processadora de leite, laboratório e centro de ensino
Produtores e consumidores que festejaram, na última semana, a notícia de que a microrregião dos Campos das Vertentes foi reconhecida como produtora do Programa Queijo Minas Artesanal, têm mais um motivo para comemorar. É que a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) acaba de confirmar a instalação, em São João del-Rei, de uma miniusina de laticínios, que funcionará como laboratório, unidade processadora de leite e como escola, nos moldes do Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT), unidade da EPAMIG localizada em Juiz de Fora, que é referência nacional na área. “Nosso objetivo é implantar nessa unidade em São João del-Rei uma processadora de leite que permita ao município resgatar o nome de 'São João dos queijos’, adianta o presidente da Empresa, Baldonedo Arthur Napoleão, idealizador do projeto, se referindo ao saudoso apelido que ressalta uma das mais fortes vocações da cidade.
A intenção de implantar uma miniusina de laticínios na Fazenda Experimental Risoleta Neves (FERN), em São João del-Rei, existe desde a criação da unidade, em 2003. “É, portanto, um sonho antigo, que foi amadurecendo e irá, agora, se tornar realidade”, continua Baldonedo. Na opinião dele, a região Campos das Vertentes, apesar de tradicional bacia leiteira do Estado, é carente de inovações, conhecimentos tecnológicos e treinamentos, capazes de promover mudanças qualitativas na produção de queijos. “E neste setor a EPAMIG tem a excelência, que será trazida para as Vertentes”, observa Baldonedo.
Para a instalação da miniusina serão investidos cerca de R$800mil. Destes, R$423 mil serão destinados pela EPAMIG, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, e o restante pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Para abrigar o projeto, será construída, no campus Tancedo Neves (CTAN) da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), onde fica a FERN, uma infraestrutura para implantação de uma unidade de treinamento e transferência de tecnologia em laticínios, com capacidade de processamento de 1.000 a 1.500 litros de leite por dia, com instalações adequadas para envase de leite pasteurizado e fabricação de diferentes tipos de queijos. “Com isso, teremos condições de incentivar a produção de queijos finos, contribuir para o aumento de eficiência e sustentabilidade de sistemas de produção de leite, fornecer leite pasteurizado para programas sociais, dar suporte técnico aos fabricantes de queijos da região Campos das Vertentes e capacitar mão-de-obra para melhoria de qualidade dos queijos de Minas”, enumera o gerente da FERN, Mauro Lúcio de Resende.
A região Campos das Vertentes acaba de ser reconhecida pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) como produtora no Programa Queijo Minas Artesanal, através da publicação da Portaria nº 1.022, de 03 de novembro. Desta forma, passa a ser a quinta produtora do Estado, ao lado de Serro, Canastra, Araxá e Cerrado (Alto Paranaíba), tradicionais produtoras do Queijo Minas Artesanal, elaborado a partir de leite cru, não pasteurizado.
No processo de reconhecimento, a EPAMIG teve papel fundamental, colaborando através de profissionais do ILCT, responsáveis por elaborar o documento final que solicitou ao IMA o reconhecimento da região. “Isso significa que a região vai tirar o seu queijo da clandestinidade, dando legitimidade ao produtor e segurança ao consumidor”, explica o pesquisador Adauto Lemos, que foi transferido do ILCT para São João del-Rei, especialmente para atuar em projetos desta área e na miniusina de laticínios.
De acordo com o pesquisador, o próximo passo será uma reunião com os produtores interessados dos 15 municípios que integram a região, quando será apresentado um protocolo de procedimentos que deverão ser seguidos por quem deseja a caracterização. A EPAMIG será responsável pelo treinamento e pela capacitação desses produtores e, em seguida, o IMA certifica aqueles que se adequarem ao regulamento. “A partir do momento que os produtores deixarem a clandestinidade e começarem a comercializar de forma legal, eles agregarão valor financeiro ao próprio sistema e valor moral à cadeia produtiva”, observa Adauto Lemos. Segundo ele, esse processo reflete diretamente na intensidade com que o consumidor vai procurar o produto, que será fortalecido, fazendo com que o clandestino desapareça do mercado.
A certificação integra o programa de segurança alimentar da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater), em parceria com o IMA, que visa garantir a segurança alimentar, através do controle sanitário do rebanho e das boas práticas no processo de produção, incentivar e fortalecer a organização dos produtores, cadastrar os produtores e definir a cadeia produtiva.
Contatos: Mauro Lúcio Resende e Adauto Lemos: (32) 3379-2649