Nova portaria dos queijos artesanais favorece o surgimento de mais receitas autorais

Símbolos da identidade gastronômica de Minas Gerais e Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro (IPHAN, 2008), os queijos artesanais acabam de ganhar uma atualização em sua legislação. Trata-se da Portaria 2373 do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), anunciada pelo secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, durante a 90ª Expozebu, em Uberaba.
O diretor técnico do IMA, André Almeida Santos Duch, explicou que o texto estabelece algumas regras que devem ser seguidas durante os processos de fabricação dos chamados "queijos artesanais autorais”, aqueles que acrescentam ingredientes extras como café, vinho ou doce de leite. Se o processo seguir alguns preceitos como: a obediência rígida às normas técnicas e sanitárias, manejo adequado do rebanho, ordenha higiênica, controle de doenças, bem-estar animal e uso regulamentado de medicamentos, o produtor poderá comercializar seus produtos em todo território nacional. Lembrando que essas regras valem para todos os queijos artesanais de Minas, incluindo os QMAs (Queijo Minas Artesanal).

Como era antes?
Antes dessa nova regra do IMA, apenas os produtores que tinham Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade podiam fazê-lo. André explica que essa era uma demanda antiga dos produtores de queijos que queriam trabalhar seus produtos de forma diferenciada, inovando e surpreendendo o consumidor. Além disso, o documento também discorre sobre o uso da madeira na bancada de trabalho das queijarias admitindo seu uso, desde que seja imprescindível no processo de fabricação dos queijos e de fácil higienização.
“De um modo geral, a Portaria é uma norma importante para garantir que aquele produto não traz riscos para a saúde da população. Ela é o resultado de anos de pesquisa dos órgãos responsáveis, como o próprio IMA, a Epamig e entidades de ensino, como as universidades”, contou o diretor.
Tendência de Mercado
Segundo ele, queijos autorais são uma tendência de mercado, uma vez que os produtores querem, cada vez mais, elaborar receitas próprias e fazer queijos com o toque daquela propriedade, daquela região, daquele produtor, mas sem perder a tradição e a fidelidade das receitas originais.
“Essa portaria vai permitir que os queijeiros individualizem suas produções, sem perder a possibilidade de obter o registro sanitário que garante, para o consumidor, um produto feito com responsabilidade, seguindo as normas e que não vai trazer riscos para a saúde da população”, conclui André Duch.

Regulamentos Específicos de cada queijo vão permanecer
O Subsecretário de Política e Economia Agropecuária, Gilson de Assis Sales, explicou que os regulamentos referentes aos queijos artesanais, por meio de Portarias do IMA, eram de 2002, 2003 e 2005 e 2008 e, portanto, estavam defasados. Agora,todas essas orientações estão juntas dentro de uma mesma Portaria, com inovações.
“O novo documento traz um regramento geral sobre a construção, comercialização, tipo de veículo que deve ser utilizado no transporte dos produtos e o que é ou não é permitido em todas as queijarias. Mas, as especificidades de cada queijo vão vir em seus regulamentos específicos. Já publicamos os do queijo d’Alagoa, do queijo Mantiqueira de Minas e o do queijo de Casca Florida. Em breve, publicaremos o do queijo Cabacinha num grande evento em Pedra Azul e, até o final do ano, os do requeijão Moreno e do Queijo Cozido e o do Vale do Suaçuí”, revelou Gilson.
Saiba mais
Atualmente, o Governo de Minas Gerais reconhece oficialmente 16 regiões como tradicionalmente produtoras de queijos artesanais no território do estado.
Dez são regiões produtoras do Queijo Minas Artesanal (QMA), sendo essas Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Diamantina, Entre Serras da Piedade ao Caraça, Serra do Salitre, Serro, Triângulo Mineiro e Serras da Ibitipoca.
As demais regiões são produtoras de outros tipos de queijos artesanais mineiros, diferentes QMA: Alagoa (Queijo Artesanal de Alagoa), Mantiqueira de Minas (Queijo Artesanal da Mantiqueira de Minas) , Serra Geral do Norte de Minas, Vale do Jequitinhonha (Queijo Cabacinha), Vale do Suaçuí e Vale do Mucuri (Requeijão Moreno).
Jornalista responsável: Maria Teresa Leal
Edição: Janaina Rochido
Fotos: Diego Vargas - ASCOM/SEAPA