Trajetória
- Clóvis Salgado nasceu em 20 de janeiro de 1906, em Leopoldina, MG. Filho de Luiz Salgado Lima - educado no Seminário de Itu, SP - e de Virgínia da Gama Salgado - educada no Colégio Providência, de Mariana, MG.
- Formou-se no Colégio Militar do RJ, como comandante-aluno, em 1923, premiado com a medalha Duque de Caxias como o melhor aluno.
- Graduou-se em Medicina no Rio de Janeiro e recebeu o grau de Doutor em Medicina em 1929.
- Em 1936, conquistou por concurso a cátedra de Ginecologia da Faculdade de Medicina da UFMG. Assumiu em 1937, nela se conservando em exercício até 1976.
- Apesar de dominante, suas atividades médicas não foram exclusivas. A seu lado, colocaram-se as de ordem social, cultural e política.
- Fundou, em 1942, a filial MG da Cruz Vermelha Brasileira. Posteriormente, organizou a Escola de Auxiliares de Enfermagem, construiu o Hospital-Escola da Cruz Vermelha e fundou ginásio gratuito para 600 alunos.
- Entusiasta do movimento artístico da capital mineira, incentivou-o diretamente, criando e presidindo as três principais associações de música erudita da época: a Cultura Artística, a Sociedade Coral e a Orquestra Sinfônica. Delas emergiu a FUMA, hoje integrada à UEMG.
- Destacada e coerente foi sua atuação na área política. Entusiasta das ideias democráticas de Arthur Bernardes, ingressou no Partido Republicano, nos anos 1930. Com a queda de Vargas, em 1945, Clóvis Salgado desponta como um dos líderes do PR.
- Em 1950, foi eleito vice-governador de MG, ao lado de Kubitschek. Em 1955, JK se candidata à presidência da República. Clóvis Salgado completa-lhe o mandato, de 31-03-1955 a 31-01-1956. No governo, Clóvis Salgado garante as franquias democráticas. Prossegue as metas traçadas por JK, construindo mais estradas e novas usinas hidrelétricas. Considerou a paz pública nesse agitado período como o fato mais positivo do seu governo. Vitorioso Kubitschek, articulam-se os derrotados para impedir-lhe a posse. Diante da ameaça à vontade do povo, levantam-se as forças da ordem. Não havia como hesitar. Clóvis Salgado joga o poderio de Minas ao lado dos que exigem o respeito à voz das urnas. Decisão grave, de consequências imprevisíveis. Tal atitude das forças mineiras decidem, sem sangue, a crise ameaçadora.
- Como presidente, Kubitschek convida Clóvis Salgado a participar do seu governo. Deixa-lhe livre a escolha do cargo. A escolha recaiu no ministério da Educação e Cultura, onde permaneceu por todo o quinquênio (1956-1961). Adota, como plano, a Educação para o Desenvolvimento, acrescentando a 30ª meta às 29 traçadas por JK. Tratava-se não apenas de produzir mais educação, mas também, de mudar-lhe a natureza, de modo a preparar parcela crescente de jovens para as atividades produtivas. Nesse sentido, expandiu-se o ensino técnico profissional de nível médio, fundaram-se 9 universidades e 14 institutos de pesquisa científica e tecnológica.
- Clóvis Salgado nomeou a comissão encarregada da criação da Universidade de Brasília, com seis membros, presidida por Anísio Teixeira, determinando que fosse pensada em moldes inteiramente novos.
- Retornou a Minas Gerais e foi eleito pela 2ª vez vice-governador, posto que ocupou de 1961 a 1966.
- De 1967 a 1971, participou do governo Israel Pinheiro como secretário de Saúde. Valendo-se de sua proximidade com o governador, sugeriu-lhe a retomada da construção do teatro no Parque Municipal. Tendo recebido a aprovação de Israel Pinheiro, Clóvis Salgado buscou verba federal e tomou a si o encargo da edificação do complexo cultural do Palácio das Artes. Tal era sua dedicação, que visitava o canteiro de obras diariamente. Em 1978, uma semana após sua morte, o governador Aureliano Chaves assinou decreto dando o nome de Fundação Clóvis Salgado ao Palácio das Artes, em homenagem a quem, por décadas, trabalhou em prol das artes no Estado de Minas Gerais.
- Desde sua instalação em 1962 até 1972, participou do Conselho Federal de Educação, presidindo a Câmara de Planejamento.
- Fiel à sua vocação, manteve-se à frente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG. Terminou a carreira magisterial como diretor da Faculdade de Medicina, de 1973 a 1976. Suas contribuições para a Medicina foram reconhecidas em vida e postumamente, tendo sido incluído entre “Os vinte maiores médicos mineiros do século XX”, seleção feita pela Associação Médica de Minas Gerais.
- Casou-se com Lia Portocarrero de Albuquerque Salgado, em 1934. O casal teve três filhos: Clóvis Augusto, Virgínia Helena e Marilia.
- Morreu no dia 25 de junho de 1978.
- O Museu Histórico Abílio Barreto, em Belo Horizonte, abriga a coleção Clóvis Salgado, com rica documentação histórica.